Pressionadas, empresas preveem queda de 7,4% nas exportações de aço semiacabados
Nicola Pamplona
“Neste momento, o Brasil já está operando com um fator de utilização muito baixo, em torno de 68%, quando o razoável seria 80%, e a exportação continua sendo vital”, disse Mello Lopes, ressaltando que cerca de 1/3 das exportações brasileiras de semiacabados são destinadas aos Estados Unidos.
CONSULTORIA EURASIA VÊ PIORA DO CENÁRIO NO LONGO PRAZO
A consultoria Eurasia afirmou nesta quarta (2) que o estabelecimento, pelos Estados Unidos, de cotas para a importação de aço do Brasil pode aliviar a tensão entre os países no curto prazo, mas trazem incertezas no longo prazo.
As cotas estão sendo negociadas com Argentina, Austrália e Brasil como alternativa a sobretaxas sobre aço e alumínio criadas pelo governo americano sob o argumento que vão contribuir para a segurança interna.
A prática, porém, poderia ser questionada pelos países na OMC (Organização Mundial do Comércio) ou gerar retaliações a produtos americanos, avalia a consultoria.
Em relatório divulgado nesta quarta, a Eurasia diz que as cotas são mais favoráveis às siderúrgicas brasileiras do que o aumento da tarifa, o que deve ajudar a reduzir as tensões entre os dois países neste momento.
Mas que um acordo nesse sentido abre precedente que pode ameaçar países dependentes de exportação no futuro.
Segundo o raciocínio, para garantir as suas exportações e, consequentemente, a atividade econômica, os países dependentes podem se tornar mais suscetíveis a aceitar soluções que são contrárias às regras da OMC.
“Por enquanto, uma retaliação do Brasil parece improvável. Não apenas porque as cotas são uma solução aceitável, mas também porque muitas autoridades são contrárias a restrições no comércio exterior em meio a uma recuperação econômica frágil”, diz o relatório.