Taxa Selic: novo corte à vista

Jornal da Tarde
EDUARDO CUCOLO

Há um ano, o Banco Central dava início ao mais polêmico ciclo de cortes da taxa básica de juros, que pode acabar em breve. A aposta unânime do mercado financeiro é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anuncie no início desta noite o nono corte consecutivo da taxa Selic, dos atuais 8% para 7,5% ao ano. A dúvida agora é se haverá outras reduções da taxa que serve de parâmetro para o preço do dinheiro na economia e para a poupança.

Por isso, o foco dos economistas estará, principalmente, no comunicado que acompanha o anúncio do Copom. Há basicamente três avaliações. A primeira é que o BC pare de reduzir a taxa após a decisão de hoje, apostando na recuperação da economia daqui para frente e de olho na expectativa de alta da inflação em 2013. Essa é a visão da consultoria LCA, que conta com queda menor do juro agora e espera ainda que o BC não suba tão cedo a Selic no próximo ano.

A aposta ainda predominante, no entanto, é que a instituição reduza os juros novamente na reunião marcada para o início de outubro. Nesse caso, o BC pode optar por uma redução para 7,25%, como prevê a maioria dos analistas, ou até chegar a 7%. Em todos os casos, trata-se dos menores níveis da história.

No mercado de juros futuros, por exemplo, os contratos negociados ontem na BM&F Bovespa apontavam para esse caminho. O juro projetado para janeiro de 2013 estava em 7,26%. Muitos também acreditam que o BC vai esperar novos dados para reavaliar a política de juros. “O BC irá proceder com maior cautela após esta reunião, devendo sinalizar que o prolongamento do ciclo de afrouxamento monetário até a reunião de outubro dependerá da evolução tanto da atividade econômica doméstica quanto do cenário internacional”, diz o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.

Fará exatamente um ano na sexta-feira que o BC iniciou o ciclo de corte dos juros que surpreendeu o mercado. Na época, a Selic estava em 12,5%. Apesar do risco de a inflação ultrapassar o limite da meta, a instituição disse na época que a crise internacional iria durar mais que o esperado e jogaria para baixo o crescimento da economia e também os índices de preços. Desde então, a avaliação dos economistas é que o BC está mais focado na recuperação da atividade do que nos riscos para a inflação, esta última, sua missão oficial. Também é quase unânime o entendimento de que o BC acertou ao se antecipar à desaceleração da atividade.

Até agora, os números da economia geram mais dúvidas do que certezas. O mês de junho apresentou os dados mais positivos desde o início de 2011, mas alguns indicadores de julho mostram que a atividade segue em ritmo lento, e economistas já veem um crescimento abaixo de 2% neste ano.