O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) realizou pesquisa segundo a qual 41% dos donos de pequenos negócios manifestam interesse em assumir áreas que podem ser terceirizadas por médias e grandes empresas.
A entidade, que é favorável ao projeto da Câmara que regulamenta a terceirização no país, ouviu mais de 6.000 micro e pequenos empreendedores.
Dos entrevistados, 37% disseram não ver oportunidade de novos negócios com a liberação geral das terceirizações.
A pesquisa também mostra que 51,6% dos entrevistados que têm empregados não pretendem terceirizar suas atividades.
A Câmara pretende votar ainda em março projeto que libera empresas para terceirizar qualquer setor de sua atividade, inclusive a principal, o que hoje é vedado por jurisprudência do TST.
Os deputados irão desengavetar projeto de 1998, já aprovado pelo Senado em 2002, e que só depende de uma nova votação no plenário da Casa para ir à sanção do presidente Michel Temer.
Presidente do Sebrae, o empresário Guilherme Afif Domingos disse não ver problema no fato de a Câmara regular um tema sem aval da maioria da atual composição do Senado – só 12 dos atuais senadores estavam no exercício do mandato em 2002, data em que a Casa analisou o tema.
“Deixa passar, depois o que vai acontecer é que o Senado pode tomar a iniciativa de uma nova legislação.”
NA CASA
Há ainda um projeto mais recente sobre o tema, aprovado pela Câmara em 2015, que traz mais salvaguardas aos trabalhadores terceirizados.
“Aquele não anda, aquilo está travado, está na mão do Paulo Paim [senador pelo PTRS], aí tem toda aquela discussão sindical”, diz Afif.
Paim, que relata o projeto de 2015 no Senado, diz que irá à Justiça contra a tentativa da Câmara de votar outro projeto sobre o tema.
Para o presidente do Sebrae, é preciso uma liberação “ampla, geral e irrestrita” das terceirizações.
NOVOS RUMOS
Câmara pretende votar em breve projeto de terceirização
REGRAS GERAIS DA TERCEIRIZAÇÃO
Como é hoje Não há lei. Jurisprudência do TST indica vedação à terceirização da principal atividade da empresa (atividadefim). Permite a contratação para atividadesmeio (de apoio)
Projeto de 2015 (aprovado pela Câmara e que está em análise no Senado)
Permite que seja transferida para outras empresas a execução de qualquer atividade da empresa-mãe, mediante uma série de exigências
Projeto que a Câmara quer votar nas próximas semanas
Permite a terceirização de todas as atividades, sem a maioria das regras de proteção ao trabalhador aprovadas em 2015
VEDAÇÕES À TERCEIRIZAÇÃO
Como é hoje Como não há lei, no caso atual não se aplica
Projeto de 2015 (aprovado pela Câmara e que está em análise no Senado)
Veda situações como a contração de funcionário que trabalhou na empresamãe nos últimos 12 meses. Pelo projeto, a empresamãe deve fiscalizar se a contratada está cumprindo obrigações trabalhistas e previdenciárias
Projeto que a Câmara quer votar nas próximas semanas
A empresa-mãe deve garantir, por exemplo, em sua dependência, condições de segurança para trabalhadores da contratada
RESPONSABILIDADE POR DÉBITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS
Como é hoje A empresa-mãe responde, de forma subsidiária, apenas se fracassar a cobrança da contratada
Projeto de 2015 (aprovado pela Câmara e que está em análise no Senado)
A empresamãe e a contratada respondem de forma solidária, ou seja, o trabalhador lesado pode reclamar seus direitos trabalhista e previdenciário das duas ao mesmo tempo
Projeto que a Câmara quer votar nas próximas semanas
A empresamãe responde, de forma subsidiária, apenas se fracassar a cobrança da contratada
ANISTIA A DÉBITOS, PENALIDADES E MULTAS
Como é hoje Não há previsão de anistia de débitos, penalidades e multas pela legislação que está em vigor neste momento
Projeto de 2015 (aprovado pela Câmara e que está em análise no Senado)
O texto que foi aprovado pelos deputados federais dois anos atrás e que está em análise desde então no Senado Federal também não prevê anistia
Projeto que a Câmara quer votar nas próximas semanas
Ficam anistiadas a empresa-mãe e a contratada de punições pela legislação atual que não sejam compatíveis com a nova lei
TERCEIRIZAÇÃO DA ATIVIDADEFIM DA EMPRESA
Como é hoje Atualmente não é possível a terceirização da principal atividade da empresa. Nesse caso, por exemplo, uma montadora de veículos não pode terceirizar a sua linha de montagem, mas pode fazer isso com o seu serviço de copa
Projeto de 2015 (aprovado pela Câmara e que está em análise no Senado)
Abriu a possibilidade
Projeto que a Câmara quer votar nas próximas semanas
O projeto dá a possibilidade de uma companhia contratar outra que execute a sua atividade principal
Projeto aprovado pela Câmara em 2015 e que está em análise no Senado
Conforme parecer do deputado Laércio Oliveira (SDSE) na comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que é a última movimentação legislativa do projeto