Nesta situação angustiante dos trabalhadores e do movimento sindical quero fazer para os dirigentes três perguntas cujas respostas determinarão em grande medida nossa capacidade de resistência à crise, de sobrevivência e de superação.
- Qual foi a última vez que você desceu à sua base?
- Qual foi a última vez que você ajudou decisivamente um trabalhador a resolver um problema que o afligia?
- Qual foi a última vez que você distribuiu pessoalmente o jornal do sindicato?
Observem que me mantenho no âmbito do esforço e da responsabilidade individuais dos dirigentes e não perguntei qual foi a última vez que o dirigente comandou uma assembleia na base, qual foi a última vez que o dirigente fez uma greve ou uma negociação coletiva ou qual a última aparição do dirigente em uma reportagem da mídia grande. Nem cogitei, muito menos, de perguntar a ele seus candidatos nas próximas eleições e o que está fazendo para elegê-los.
Limitei-me nas minhas perguntas a três comportamentos básicos esperados dos dirigentes sem os quais não pode haver ação coletiva efetiva nem relevância da ação sindical e influência nas eleições.
Esta é a esfinge de três cabeças que nos desafia a todos.
Com as dificuldades existentes e para enfrentá-las é preciso antes de tudo uma atitude do dirigente. Esta atitude deve ser a descida junto às bases, junto aos trabalhadores representados (empregados, recém-demitidos, associados, não associados, homens e mulheres, jovens ou experientes).
Sem esta atitude, que contraria o desespero e o desânimo e que pressupõe confiança na força dos trabalhadores, nada pode ser feito, nada pode ser efetivo. Fica tudo no blá-blá- blá.
Não entendam as três perguntas como um ferrinho de dentista ou um desafio irrelevante; entendam-nas como a oportunidade para um exame de consciência capaz de reorientar nossas preocupações, iniciativas e responsabilidades com resistência, lucidez, empenho e unidade para enfrentar a crise e superá-la.
Por João Guilherme Vargas Netto, consultor de entidades sindicais de trabalhadores