Esta quinta-feira, 30 de março, foi dia de assembleias regionais de mobilização da categoria metalúrgica em São Paulo. Uma foi realizada na zona norte, no Parque Novo Mundo, e outra na zona oeste, em Pirituba.
A mobilização, liderada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo/Mogi das Cruzes e da CNTM, Miguel Torres, representa mais um passo na luta unificada do movimento sindical contra as propostas de reforma do governo que tiram direitos trabalhistas e previdenciários da classe trabalhadora e contra a terceirização geral aprovada na Câmara dos Deputados na semana passada.
Nas assembleias, Miguel Torres criticou as propostas de reforma do governo federal, explicou porque elas vão tirar direitos e convocou os trabalhadores e trabalhadoras para a assembleia desta sexta-feira, na rua do Sindicato. “O momento é de muita dificuldade, de uma crise que não tem fim, e uma crise que não é só econômica, política, ética, de confiança, é estrutural e os oportunistas estão aproveitando para acabar com os direitos dos trabalhadores. As medidas que o governo está tomando estão atendendo os patrões”, afirmou Miguel Torres.
História da luta
O presidente fez um relato da luta dos trabalhadores pelos direitos trabalhistas. “Há cem anos, os trabalhadores começaram uma caminhada pelos direitos que temos hoje, porque na época não tinha regulamentação do trabalho, a jornada era de 17, 18 horas, as crianças trabalhavam, as mulheres não eram respeitadas, não tinha segurança nas fábricas, os salários eram muito baixos. Os trabalhadores se rebelaram e fizeram uma grande greve e, a partir dali foi um acúmulo de conquistas. Em 1943 veio a CLT e nela estão as garantias mínimas de trabalho. Para conquistarmos estas garantias passamos por muitas dificuldades, muitas pessoas morreram, foram torturadas, perseguidas, demitidas, foram muitos anos de luta e, mesmo assim, não abaixamos a cabeça. Em 1988, aprovamos uma Constituição cidadã. Hoje, o governo quer, em três meses, acabar com tudo isso”, afirmou Miguel, que qualificou de “terrorismo social” o que o governo vem fazendo com os trabalhadores e a população, ao dizer que a Previdência Social tem que ser reformada senão quebra. “Isso é mentira”.
Torres disse que o governo precisa fazer a lição de casa. “Tem dívida de sonegação da Previdência de mais de R$ 400 bilhões e não tem trabalhador que tenha um centavo de dívida com o INSS, mas tem empresários que descontam da folha e não repassam, e o governo não tem coragem de cobrar. O jogo é não ter aposentadoria, além de desvincular o salário mínimo dos demais benefícios”, afirmou.
Em relação à reforma trabalhista, que dizem que é pra modernizar a legislação, Miguel Torres disse que “o que está por traz é tirar direitos e precarizar as condições de trabalho e terceirizar, quarteirizar tudo. Na terceirização só o patrão ganha, não vai mais existir a relação de categoria profissional, mas a relação de trabalho e a pessoa jurídica, sem carteira assinada”, disse, enfatizando que “está nas nossas mãos a resistência. Ou lutamos contra isso ou ficaremos nas mãos deles”.
Nesta sexta-feira tem mais
Durante as duas assembleias, Miguel Torres e os demais diretores(as) convocaram os trabalhadores para a assembleia geral desta sexta-feira, no Sindicato, que vai deliberar sobre o indicativo de greve no dia 28 de abril, convocado pelas centrais sindicais, para barrar as reformas. “Vamos votar proposta de greve dia 28 de abril. Será um dia para mostrar ao governo que não aceitamos perder nenhum direito”, disse Miguel Torres. Após a assembleia, os trabalhadores vão fazer uma passeata até a Praça da Sé (região central).
Mobilização hoje
As assembleias desta quinta-feira reuniram cerca de 3 mil trabalhadores de várias empresas das duas regiões. Na zona norte, os trabalhadores fizeram uma passeata pela marginal da Via Dutra. A assembleia foi coordenada pelos diretores Adnaldo, Alsira, Maloca e Curió, com apoio das equipes, e participação dos diretores Xepa, Leninha e Medeiros.
A mobilização na zona oeste foi de responsabilidade dos diretores Erlon, Sales, Porfírio, Alemão, Chico Pança, Ceará, Germano, equipe do secretário-geral Arakém, e respectivas assessorias, e contou com a participação do diretor David Martins.