Folha de S.Paulo
Setor de máquinas e equipamentos diz que investimento não volta neste ano; BNDES ainda espera 2º semestre
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
A indústria de máquinas e equipamentos não deverá ajudar a impulsionar o PIB (Produto Interno Bruto) em 2012. “Neste ano, o setor não contribuirá nada para o crescimento. Talvez as medidas de incentivo do governo possam surtir efeito em 2013”,diz Mário Bernardini, assessor da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos).
O problema, diz o setor, ainda é a importação. De acordo com a Abimaq, dos R$ 100 bilhões do consumo anual de máquinas e equipamentos, apenas 40% são itens fabricados aqui. Os demais 60% são importados.
“Há cerca de quatro anos, a situação era inversa. Esse foi o efeito da valorização do real”, diz Bernardini.
A recente desvalorização do real vai ajudar a indústria local na competição com os importados, mas, para a Abimaq, essa vantagem é restrita. No máximo, o produto nacional poderá se equiparar aos custos de concorrentes como os norte-americanos ou os europeus.
“No caso da disputa com sul-coreanos ou chineses, a desvalorização do real ainda é insuficiente”, diz.
Esse é um setor que depende de estabilidade econômica. O próprio BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) identificou adiamento de investimentos. Isso explicou o pífio desempenho do investimento no primeiro trimestre.
Segundo Marcelo Nascimento, chefe do Departamento de Pesquisa Econômica do BNDES, a mudança dos motores dos caminhões, agora mais caros e menos poluentes, paralisou esse mercado. Hoje, o segmento de transporte representa 20% dos investimentos do país.
Montadoras de veículos pesados paralisaram as linhas, demitiram funcionários e deram férias coletivas. Isso deve reduzir estoques, mas também a produção.
“Medidas de redução de juros para investimento de 7,5% para 5,5%, a desvalorização do real e a volta do mercado de equipamentos rodoviários podem fazer o investimento voltar no segundo semestre e em 2013”, diz Nascimento.