Há tempos o movimento sindical vem alertando o governo federal sobre a necessidade de incrementar os investimentos a curto e longo prazos para fazer o país crescer. É claro, com valorização do salário, do emprego e da renda.
Daí surgiu a idéia de propor a presidente Dilma Rousseff a redução do superávit primário para o Estado ter capacidade de investir em áreas prioritárias,fortalecer a indústria e desenvolver o país.
Qual não foi a nossa surpresa quando tomamos conhecimento da recente nota técnica do Dieese “Juros, rentismo e desenvolvimento”, que revela um dado estarrecedor: no ano passado, o governo deu de mão beijada aos bancos a bagatela de R$ 170 bilhões referentes ao custo do pagamento dos juros da dívida interna.
Este valor equivale a mais de duas vezes o que é gasto com a área de saúde e cerca de três vezes o total aplicado na educação.
Trata-se de uma das maiores transferências de renda que se tem notícia na história do país. O dinheiro é tirado da sociedade, principalmente da parcela mais pobre, e dado para uma parcela minoritária da população, detentora da riqueza financeira.
Com um elevado superávit primário e com a taxa Selic ainda muito alta não sobram recursos para o governo investir em educação, saúde, reforma agrária e em infraestrutura. O dinheiro caro leva os empresários (indústria, comércio e serviços) para a especulação financeira em detrimento de suas atividades de origem.
Mas o tratamento privilegiado dado aos bancos não é ilegal. Na verdade, é parte integrante da política econômica brasileira. Cabe aos trabalhadores e aos movimentos sociais pressionarem o governo federal para mudar radicalmente a política econômica.
Miguel Torres
Presidente em exercício da Força Sindical