Participação de São Paulo no mercado de trabalho é a menor em dez anos

Estado respondeu por 32% das vagas criadas no País no primeiro semestre; no auge, em 2006, a participação chegou a 45,6% do total

07 de agosto de 2012 | 22h 28

Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de S. Paulo

A participação da economia paulista na criação de empregos no primeiro semestre foi a menor para o período em dez anos. O Estado de São Paulo foi responsável por 32,1% do saldo de vagas do Brasil, que contabilizou 1.047.914 postos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em 2002, a participação de São Paulo no primeiro semestre foi de 40% dos quase 762 mil empregos criados no Brasil. Em 2006, no auge, chegou a 45,6%.

O peso de São Paulo caiu este ano sobretudo por causa da crise enfrentada pela indústria. Como o Estado concentra boa parte da produção industrial, sofre mais com a desaceleração do setor. Segundo o Caged, no primeiro semestre, o saldo do emprego da indústria no Brasil foi 127,5 mil mais baixo do que o verificado no mesmo período de 2011.

“O mercado internacional está adverso, ficou mais difícil para exportar. A concorrência da produção brasileira com produtos de outros países, em especial com os asiáticos, também prejudicou a indústria. Além disso, até maio, o dólar ainda estava bastante desfavorável”, diz Anselmo Luis dos Santos, professor da Unicamp e diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit).

O fraco desempenho do setor industrial não é o único responsável pela descentralização do emprego no País. Por trás da redução do peso paulista, estão incentivos fiscais promovidos por alguns Estados, busca das empresas por locais com mão de obra mais barata e até aumento real do salário mínimo, que criou e fortaleceu novos centros consumidores pelo País nos últimos anos, sobretudo no Nordeste e Norte.

Crise. A queda na participação de São Paulo no saldo do emprego do País se acentuou a partir de 2010, quando a economia brasileira se recuperou dos efeitos da crise internacional. Naquele ano, o peso da economia paulista no primeiro semestre caiu para 35,7% ante 40,3%, em 2009. Houve um leve aumento em 2011 (36,7%), mas revertido neste semestre.

Apesar da menor participação na criação de empregos, São Paulo mantém uma liderança folgada na comparação com os outros locais. Depois da economia paulista, aparecem Minas Gerais , Paraná, Rio de Janeiro e Goiás. Esses dois últimos Estados, aliás, foram os que tiveram maior aumento entre 2002 e 2012.

Maior peso

Nesses dez anos, impulsionado por novas oportunidades, o Rio de Janeiro aumentou seu peso na criação de empregos de 3,9% para atuais 8,3%. Entre 2002 e 2012, tiveram início os investimentos para a exploração do pré-sal e a cidade do Rio foi eleita a sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

“O setor de serviços é muito forte no Rio e também é intensivo em mão de obra. Como o setor ainda cresce, o emprego aqui no Rio segue esse ritmo”, diz José Marcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista da Opus Investimentos.

Já Goiás, assim como todo o Centro-Oeste, aproveitou o aumento das cotações dos produtos básicos exportados pelo Brasil. Entre 2002 e 2012, a participação da economia goiana no primeiro semestre avançou de 4,0% para 7,1%.

“Nesse caso, o dinamismo vem do meio rural, e isso transborda para o meio urbano com impactos diretos e indiretos, influenciando todos os setores”, diz Santos, da Unicamp.