Assembleia na Abreu e Lima acaba em violência

Inconformado com a decisão de retorno ao trabalho, grupo atira pedras em caminhão do sindicato e incendeia ônibus de transporte dos operários

ANGELA LACERDA, CORRESPONDENTE /RECIFE – O Estado de S.Paulo

Uma assembleia dos funcionários da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, no complexo industrial e portuário de Suape, no município metropolitano de Ipojuca, a 60 quilômetros do Recife, terminou em violência e ações de vandalismo na manhã de ontem.

Sete ônibus que transportam trabalhadores foram incendiados e pessoas ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Pernambuco (Sintepav-PE) foram alvo de pedras jogadas por um grupo que, revoltado, não aceitou o fim da paralisação.

O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado e usou “equipamentos de menor poder ofensivo” – como balas de borracha – para conter o distúrbio. Para o sindicato, que divulgou nota de repúdio à violência, a responsabilidade é de um grupo que o presidente da entidade, Aldo Amaral, classifica como “vândalos, terroristas e bandidos”.

Ilegal. O objetivo da assembleia era informar que a greve havia sido considerada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e que os 44 mil trabalhadores nas obras da refinaria deveriam retornar ao trabalho hoje.

A maioria dos trabalhadores aceitou a determinação e começava a sair para retornar às suas casas, quando o grupo, que trazia pedras em suas mochilas, começou a jogá-las na direção do caminhão “trio elétrico” usado pelo sindicato. A polícia interveio, mas muitos dos manifestantes se dispersaram e incendiaram os ônibus. A PM não informou número de eventuais feridos ou presos.

A paralisação havia sido deflagrada no dia 1.º de agosto, à revelia do Sintepav, que firmou acordo com a classe patronal no dia 27, aceitando reajuste salarial de 10,5%, vale-alimentação de R$ 260 e equiparação salarial entre os funcionários com atividades semelhantes nas diferentes empresas que atuam na obra. A reivindicação do sindicato era de 15% de aumento.

A Refinaria Abreu e Lima, cuja construção teve início em 2007, deve ser concluída em 2014, três anos depois do previsto. O empreendimento, que tinha custo inicial estimado em US$ 2,3 bilhões, teve orçamento revisado para cerca de U$ 20 bilhões.