ANGELA LACERDA, CORRESPONDENTE/ RECIFE
As obras da Refinaria Abreu e Lima, no complexo industrial e portuário de Suape, no município metropolitano de Ipojuca, a 60 quilômetros do Recife, continuaram paradas ontem (7).
Desta vez por temor de empresas de ônibus e de motoristas em relação a uma eventual repetição das cenas de guerra do dia anterior: ao final de uma assembleia do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Pesada (Sintepav), para informar que a greve iniciada no dia 1.º de agosto havia sido considerada ilegal e que os 44 mil operários deveriam retornar ao trabalho, um grupo insatisfeito atirou pedras contra sindicalistas e incendiou sete ônibus que transportam os operários.
As cenas não se repetiram e dois trabalhadores do Rio de Janeiro que participaram das agressões – Jhormett da Cunha Moura e Raimundo Ita de Amorim Filho – foram indiciados e presos pelo delegado de Ipojuca, Leonardo Gama, por violência contra o patrimônio e a pessoa, incêndio qualificado e lesão corporal. Três policiais e os motoristas dos sete ônibus incendiados também foram ouvidos.
A mobilização dos trabalhadores tem como pano de fundo um racha sindical da categoria. A Força Sindical – ao qual o Sintepav é ligado – enviou um representante ao Recife, o presidente em exercício Miguel Torres, que participou de reunião no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para pedir garantias ao trabalhador. Segundo Torres, 70% querem retomar as atividades. O sindicato patronal (Sinicon) solicitou ao TRT reforço policial para o canteiro das obras e multa diária de R$ 5 mil para o sindicato por descumprimento da decisão judicial que decretou a ilegalidade da paralisação.
A greve foi deflagrada à revelia do Sintepav, que firmou acordo com a classe patronal no dia 27 de julho, aceitando reajuste salarial de 10,5%, vale-alimentação de R$ 260 e equiparação salarial entre os funcionários com atividades semelhantes nas diferentes empresas que atuam na obra.
A reivindicação do sindicato era de 15% de aumento salarial. “A questão é política”, reforçou Torres, ao garantir que “este foi um dos melhores acordos em todo o País para a categoria”.
A insatisfação de parte dos trabalhadores da refinaria e o clima de tensão contaminaram o canteiro da Petroquímica, que também não teve condição para manter os trabalhos na obra.
Arena da Copa. O confronto repercutiu nas obras do estádio Arena da Copa, que está sendo construído no município de São Lourenço da Mata. Os insatisfeitos com o Sintepav paralisaram as obras desde anteontem. O secretário especial da Copa, Ricardo Leitão, afirmou que desde dezembro de 2011 o canteiro enfrentou 13 dias de paralisação até ontem. Ele demonstrou preocupação diante do rígido cronograma da Federação Internacional de Futebol (Fifa).