Emprego industrial cresce 0,2% em julho

Jornal da Tarde
Daniela Amorim

O emprego na indústria teve leve recuperação na passagem de junho para julho, assim como o número de horas pagas aos trabalhadores. O resultado acompanha a ligeira melhora da produção industrial, que acumulou ganho de 0,5% nos últimos dois meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto houve aumento de 0,2% na geração de vagas em julho, o número de horas pagas avançou 0,3%. O IBGE credita a melhora nos indicadores às políticas de incentivo do governo ao setor, como o corte na taxa básica de juros, a desoneração da folha de pagamento e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

“Foi o primeiro resultado positivo no pessoal ocupado após quatro meses de perdas. O número de horas pagas teve o mesmo movimento. O emprego industrial começa a esboçar reação, mas é preciso esperar a próxima leitura para ver se não foi um resultado pontual”, ponderou Fernando Abritta, analista da Coordenação de Indústria do IBGE.

A cautela também foi adotada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que espera uma oscilação no número de ocupados na indústria nos próximos meses, com recuos e avanços, embora numa trajetória ascendente.

“São números tímidos (os resultados de julho), que dificilmente levarão o emprego industrial a obter resultados mais robustos neste ano”, diz o relatório o Iedi, ressaltando que ainda há uma queda acumulada de 1,3% nos postos de trabalho de janeiro a julho deste ano. A expectativa do instituto é de um segundo semestre melhor para o emprego industrial.

O aumento no número de horas pagas, o avanço na produção e o freio no aumento dos salários por hora trabalhada em julho resultaram em recuo de 1,1% no custo unitário do trabalho (CUT), segundo cálculos da Tendências Consultoria Integrada.

“Essa combinação perversa envolvendo salários em alta e produtividade em queda, que tem atuado decisivamente para a derrubada da competitividade da indústria, pode entrar numa fase de acomodação”, avaliou Rafael Bacciotti, economista da Tendências.

Na comparação com julho do ano passado, porém, o resultado do emprego industrial ainda é negativo. Houve queda de 1,6% no número de vagas, além de recuo de 2,5% nas horas pagas, puxado pelo mau desempenho da indústria paulista. As vagas no parque industrial do Estado caíram 3,1% no mesmo período, com resultados negativos em 14 dos 18 setores investigados. Já o número de horas pagas encolheu 4,4% na região. “São Paulo tem quase 40% do pessoal empregado na indústria”, lembrou Abritta.