Indústria prevê ampliar em 15% a capacidade instalada


Projeção é a maior desde 2002 e reflete a expectativa de recuperação, diz FGV

No segmento de bens de consumo, a expectativa de expansão da capacidade passou de 13% no ano passado para 16% neste ano

DENISE MENCHEN – DA SUCURSAL DO RIO

A indústria de transformação prevê para 2010 uma expansão média de 14,6% na capacidade instalada. A projeção é a maior da série histórica iniciada em 2002 pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Para o triênio 2010-2012, o crescimento esperado é de 23,8%. No total, a pesquisa ouviu 723 empresas entre janeiro e fevereiro.

Segundo o economista Aloísio Campelo, da FGV, a perspectiva de ampliação da capacidade produtiva demonstra confiança na recuperação da economia após a crise internacional que fez com que a produção caísse 5,5% em 2009.

Pode, também, diminuir as chances de o país vir a enfrentar pressões inflacionárias devido a um descompasso entre oferta e demanda.

Em fevereiro, o nível médio de uso da capacidade instalada nas fábricas bateu 84%, apenas dois pontos percentuais abaixo do patamar verificado em 2008. No auge da crise, havia despencado para 77%.

É essa recuperação, aliada ao otimismo em relação ao futuro, que justifica os investimentos. Campelo lembra que o índice de confiança da indústria, também medido pela FGV, atingiu em fevereiro o maior nível desde dezembro de 2007.

Entre os diferentes segmentos, o que apresenta maior apetite por investimentos é o produtor de bens de consumo. Sua expectativa de expansão da capacidade instalada passou de 13% em 2009 para 16% em 2010, atingindo o maior patamar dos últimos cinco anos.

O maior avanço em relação a 2009, porém, ocorreu na indústria de bens de capital, em que a previsão de expansão saltou de 9,9% para 15,4%. No segmento de bens intermediários, a projeção passou de 10% em 2009 para 13,8% em 2010.

Campelo destaca que esses resultados estão ligados principalmente à força do mercado doméstico. “A demanda interna surpreendeu no ano passado, e a expectativa dos empresários é que continue forte.”

De acordo com a pesquisa, 80% das empresas entrevistadas veem a demanda interna como um dos fatores que devem influenciar positivamente a decisão de investimentos.

Já a demanda externa, que sofreu mais os efeitos da crise, é apontada como fator de estímulo à ampliação da capacidade por 40% dos entrevistados, enquanto 9% a consideram fator de desestímulo.

Os números representam uma recuperação em relação a 2009 – segundo a FGV, no ano passado apenas 26% dos entrevistados viram influência positiva do mercado externo, ante 20% que apontaram influência negativa.