Grupo quer usar modelo alemão para criar plano de proteção ao emprego

Por Carlos Giffoni | Valor Econômico

Uma comitiva brasileira que reuniu representantes das centrais sindicais, de empresas e do governo voltou de viagem à Alemanha no fim de setembro com o plano de organizar um programa de proteção ao emprego, aos moldes do desenvolvido no país europeu. Antes da viagem, as centrais já tinham proposto ao governo federal a criação de um fundo anticrise com o objetivo de manter os postos de trabalho em empresas que passem por dificuldades econômicas.

Entre os integrantes dessa comitiva estavam José Lopez Feijoó, assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República; André Rebelo, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); Clemente Ganz Lúcio, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); e José Pastore, professor da Universidade de São Paulo (USP), entre outros representantes de centrais sindicais, entidades empresariais (Sindipeças e Abimaq) e do governo. Na viagem, que durou três dias, os brasileiros se reuniram com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha, com uma equipe do Ministério do Trabalho daquele país e com diretores de empresas.

 “Um programa ou política capaz de proteger o emprego é interessante porque diminui a insegurança no trabalho em momentos de crise, os efeitos sociais da crise do mercado de trabalho sobre a vida das famílias e comunidades, preserva o mercado interno de consumo, mantém níveis de atividade econômica, conserva os investimentos das empresas em formação profissional e desenvolvimento tecnológico, amplia a formalização e articula investimentos públicos e privados em formação profissional”, diz nota assinada pela comitiva.

O grupo brasileiro destacou que diante da crise internacional o governo alemão ativou a economia com planos que valorizam a proteção ao emprego. Entre eles um sistema constituído por seguro-desemprego, programa de jornada reduzida – para momentos de conjuntura adversa – e complementação da renda do trabalho para os menores salários, todos eles financiados por empregadores, trabalhadores e Estado.

As entidades planejam agora consolidar o que foi observado da experiência alemã para produzir uma proposta de política de proteção ao emprego no Brasil, fortalecer a negociação coletiva e mobilizar trabalhadores, empregadores e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário a favor dessa regulamentação.