Aumento da demanda por carros novos em dezembro deve levar fábricas a suspender a tradicional folga de fim de ano e ampliar as horas extras
CLEIDE SILVA
A Ford já decidiu que não dará férias coletivas em dezembro na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e a General Motors repete a estratégia do ano passado, de dispensas de 2 a 13 de janeiro. Além disso, negocia com funcionários de São Caetano (SP) trabalho extra em três sábados de dezembro, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. A Fiat aguarda alguns dias para avaliar seus estoques e definir pela parada ou não da fábrica de Betim (MG).
Ontem, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, que também preside a Fiat, confirmou que algumas empresas, incluindo autopeças, podem deixar as férias para janeiro ou fevereiro.
A Anfavea projeta vendas entre 639 mil e 679 mil veículos nos dois últimos meses do ano, uma média de 340 mil por mês, número próximo ao registrado em outubro (341,6 mil unidades).
A maior alta é esperada para dezembro, “mas espero que novembro seja bom também, pois as pessoas começam a receber o 13.º salário e o PIB dá sinas de melhora”, disse Belini.
A Anfavea projeta venda recorde de 3,77 milhões a 3,81 milhões de veículos neste ano, incluindo caminhões e ônibus, uma alta de 4% a 5% em relação a 2011. Até outubro, foram vendidas 3,13 milhões de unidades, 5,7% a mais que em igual período do ano passado. Só em automóveis e comerciais leves, segmento beneficiado pelo IPI, a alta está em 7,2%.
Produção. A produção deve crescer menos de 2%, para cerca de 3,4 milhões de unidades. Será o quarto ano seguido de produção abaixo das vendas, que são complementadas por importados. Em outubro, 18,1% dos automóveis vendidos do País vieram de fora, participação que chegou a 27% em dezembro, mas vem caindo desde o aumento de 30 pontos porcentuais do IPI para carros sem conteúdo local.
Embora em outubro tenha aumentado 12,8% em relação a setembro e 20,2% ante igual mês de 2011, no ano a produção está 3,3% menor que em 2011, com 2,78 milhões de unidades.
Outro dado negativo é o da exportação, com queda de 18,4% em relação ao volume de janeiro a outubro de 2011 (para 364,3 mil unidades) e de 5,9% em valores (US$ 12,6 bilhões). “O Brasil tem de atacar a falta de competitividade”, disse Belini. “Enquanto nosso aço for 40% mais caro que o chinês podemos ter o melhor carro do mundo que não vamos conseguir competir.”
O nível de emprego nas montadoras manteve-se em 148,1 mil funcionários em outubro. Desde maio, quando o IPI foi reduzido, o setor abriu 3,1 mil vagas.