Música e Trabalho: Moto Boy (Pedro Luís e A Parede )

Assim como as músicas dos anos de 1940 revelam a realidade de época, com uma crescente formalização do trabalho, as músicas de hoje, década de 2020, mostram o aumento da informalidade. Os entregadores que trabalham para plataformas de aplicativos são a cara desta informalidade. Eles circulam aos montes pelas ruas de São Paulo, como mostra a música de Pedro Luís.

Música que é bem humorada e não exatamente crítica. Ela descreve o cotidiano deste trabalhador, com sua suposta “liberdade” expressa na velocidade e na “brisa no rosto”. Esta é, entretanto, uma realidade cruel. Não uma liberdade, mas sim um abandono das leis e uma ausência de direitos. Um triste retrato das grandes cidades.

Moto Boy
Composição de 2004
Intérprete: Pedro Luís e A Parede

Liguei a moto, foi só um click

A cidade é grande, mas eu vou no pique

Paro no farol, falta uma quadra ou duas

Encosto na guia, eu já conheço bem as ruas

Desci no Trianon, parti pro Itaim

Cruzei uma mina, ela piscou pra mim

Santo Amaro, Vila Olímpia, volto à Vila Madalena

Da Dr. Arnaldo eu vejo um mar de antena

No fim da 23 pego firme no breque

Correndo pela pista passam 4 moleques

Sai do Bom Retiro, parei na 25

Lavei a moto, ela tá um brinco

Quando ando mais veloz vem uma brisa no rosto

O trampo é difícil, mas às vezes dá gosto

A encomenda chegou, chamo pelo interfone

Por hoje acabou, alguém me chama pelo nome

Cidade grande, eu sigo na boa

Faça chuva ou sol, eu tô na terra da garoa

Viaduto do Chá, Praça da Sé

Tucuruvi, Santana, Pompéia, Sumaré,

Liberdade, Consolação, Paulista,

Brás, Bexiga, Arouche, Bela Vista,

Lapa, Perdizes, Pinheiros, Jabaquara

Às 6 da tarde, tudo para

Paraíso, Aclimação, Vila Mariana,

Se der tempo ainda hoje eu vou até Santana

Quando ando mais veloz vem uma brisa no rosto

O trampo é difícil, mas às vezes dá gosto

A encomenda chegou, chamo pelo interfone

Por hoje acabou, alguém me chama pelo nome

Cidade grande, eu sigo na boa

Faça chuva ou sol, eu tô na terra da garoa