Música e Trabalho: Matança (Xangai)

Em 1984, Augusto Jatobá já alertava sobre os problemas da devastação ao meio ambiente. A música, interpretada por Xangai, fala com tristeza sobre a sanha insaciável do ser humano em se apropriar da natureza. Naquele ano, esse tema estava em ascensão, com a realização de conferências ambientais, que tiveram na Eco-92 um marco histórico.

O tema estava em ascensão porque os problemas decorrentes do desequilíbrio natural provocado pela ação humana davam sinais alarmantes, com a poluição das cidades, a contaminação dos rios e dos solos e o desmatamento.

Hoje, ainda que a questão ambiental tenha ganhado destaque no debate político e social, apresentando, inclusive, um viés neocolonial entre as diversas abordagens do tema, a devastação atinge recordes vitimando principalmente a população mais pobre, além de, é claro, os animais.

Matança
(Composição: Augusto Jatoba/1984)
Intérprete: Xangai

Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato, da imburana
Descansar, morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata atlântica e a próxima amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve cedro, nosso primo
Desde menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar

Quem por acaso ouviu falar da Sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Mora no dicionário, vida eterna, milenar
Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde dá sombra ao ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar

É caviúna, cerejeira, baraúna
Imbuia, pau-d’arco, solva
Juazeiro e jatobá
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba
Peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro
Catuaba, janaúba, aroeira, araribá
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá

Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato, da imburana
Descansar, morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata tlântica e a próxima amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar

Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde dá sombra ao ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar

Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar
É caviúna, cerejeira, baraúna
Imbuia, pau-d’arco, solva
Juazeiro e jatobá
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba
Peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro
Catuaba, janaúba, aroeira, araribá
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá
Quem hoje é vivo corre perigo

Fonte: Centro de Memória Sindical