Quando explodiu a bomba atômica a imagem, ironicamente, lembrou a de uma rosa. Irônico porque a violência da bomba é contrária ao simbolismo da rosa, que evoca vida, beleza e delicadeza.
O poema de Vinícius de Moraes, que denuncia a desumanidade do lançamento, pelos EUA, das bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagazaki, no Japão, em agosto de 1945, usa esta ironia. A bomba matou, condenou, adoeceu, milhares de japoneses, mulheres, crianças, homens inocentes, além de animais, vegetação, rios e tudo que era vivo.
A música fala de toda a desgraça causada pelos bombardeios e alerta para que não nos esqueçamos de que se trata de uma rosa radiotiva, na verdade uma anti-rosa, destituída de vida e de beleza.
Rosa de Hiroshima é um poema curto e simples, com versos que lembram o haicai japonês. Triste e introspectivo, é um momento de reflexão pela paz, antinuclear.
Gerson Conrad, do grupo Secos e Molhados, criou o acompanhamento musical do poema.
A Rosa de Hiroshima
(Poema de Vinicius de Moraes/1955
Música de Gerson Conrad/1973)
Intérprete: Secos e Molhados
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
Fonte: Centro de Memória Sindical