Indústria paulista demite 52,5 mil em 2012

Recuperação deste ano será inferior às perdas

Área de economia da Fiesp e do Ciesp projeta variação positiva de 1,6% para o emprego em 2013, mas percentual ainda está abaixo da queda de 2% registrada em 2012

A indústria paulista encerrou 2012 com 52,5 mil vagas a menos. Até dezembro do ano passado foram demitidos 66,5 mil trabalhadores, mostrou nesta terça-feira (22/01) a pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo, divulgada pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
 
“Não nos despedimos [ de 2012 ] com alegria. Se podemos dizer alguma coisa a respeito, só que ele sirva de base para a melhoria que esperamos para 2013”, afirmou Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp.

O levantamento apurou uma taxa negativa de 2% para o emprego em 2012 e um recuo de 2,52%, com as perdas de dezembro. O número de demissões em 2012 é bem maior comparado com o quadro de vagas em 2011, quando foram fechados 1.500 postos de trabalho pela indústria paulista.
 
Volume de chuvas acima do normal
 
Francini avaliou que a perda de empregos na indústria paulista em 2012 só não foi maior porque o setor de açúcar e álcool não devolveu por completo trabalhadores ao mercado, uma vez o volume de chuvas acima do normal no segundo semestre do ano passado retardou a colheita.

“A safra de cana chegou a invadir o mês de dezembro e depois engatou o plantio. Não tivesse havido essa retenção dos empregos em açúcar e álcool, [ as demissões ] seriam próximas a 60 mil”, completou.
 
O setor sucroalcooleiro foi responsável por um resíduo de 0,31% no quadro de contratações, mas o emprego do setor manufatureiro foi negativo em 2,32%. A contratação por parte do setor sucroalcooleiro, de 8.126 empregados, não foi suficiente para neutralizar as 60.626 demissões pela indústria.
 
Expectativas para 2013
 
Segundo Francini, a Fiesp e o Ciesp esperam para 2013 um crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma recuperação da atividade industrial para 3,9%, contra estimados 4,1% em 2012. O Depecon deve divulgar, em fevereiro, o desempenho do setor manufatureiro durante o ano passado.

Para o emprego na indústria, o Depecon projeta uma recuperação para 1,6% em São Paulo, versus perdas de 2% no ano passado.
 
Francini alerta, no entanto, que “há um pouco de folga na mão de obra, e a recuperação em 2013 deve ser inferior à perda ocorrida em 2012”, uma vez que “as indústrias preferiram manter um nível relativamente elevado de trabalhadores para não entrar em custos de rescisões do trabalho e enfrentar a dificuldade de recontratação que é oferecida hoje pelo mercado de trabalho”.
 
Setores e regiões
 
Das atividades analisadas no levantamento, 16 apresentaram efeitos negativos e seis fecharam o mês em alta. O emprego no setor de Metalurgia registrou a maior queda com -8% em 2012, seguido pelo desempenho ruim na indústria de Produtos Têxteis, que encerrou o ano com declínio de 6,6%.
 
Já os segmentos de Bebidas e Fabricação de Coque, Produtos Derivados do Petróleo e Biocombustíveis apuraram ganhos no ano de 7,4% e 5,6%, respectivamente. A pesquisa da Fiesp e do Ciesp mostrou ainda que das 36 regiões analisadas, 27 apresentaram quadro negativo e nove ficaram positivas.
 
Presidente Prudente foi a cidade que computou a maior alta, com taxa de 9,62% em 2012, impulsionada por Artefatos de Couro e Calçados (33,05%) e Produtos Alimentícios (17,50%). A região de Botucatu registrou ganho de 5,18%, sob a influência positiva dos setores de Produtos Alimentícios (19,17%) e Produção de Minerais Não Metálicos (18,79%). Enquanto Franca subiu 3,71%, influenciada por Artefatos de Couro e Calçados (4,19%) e Produtos Alimentícios (4,01%).
 
Entre as cidades com desempenho negativo, destaque para Cubatão, que computou a queda mais expressiva do ano com -9,60%, abatida pelas perdas em Celulose, Papel e Produtos de Papel (-90,17%) e Metalurgia (-16,42%). Americana fechou o ano com baixa de 7,18%, pressionada pelo desempenho ruim dos setores de Confecção do Vestuário e Acessórios (-16,59%) e Produtos Têxteis (-10,76%). O emprego em Diadema caiu 5,95%, com perdas mais expressivas em Metalurgia (-33,64%) e Produtos de Borracha e de Material Plástico (-11,33%).