Queda de 2,7% na indústria em 2012 evidencia crise profunda no setor, diz Iedi

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A retração de 2,7% na produção industrial de 2012 mostra que o setor atravessa “crise profunda”, agravada pela perda de parte do mercado interno para produtos estrangeiros, de acordo com análise do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza.

O mesmo diagnóstico já foi apresentado em pesquisa do Banco Central (BC) no ano passado, sobre dados de 2011. De acordo com a análise, toda a expansão dos mercados internos de bens manufaturados fora capturada por bens importados e pelo encolhimento das exportações brasileiras de bens tipicamente produzidos pela indústria manufatureira.

Para o Iedi, o cenário de substituição dos bens internos por produtos de fora “não mudou em 2012”. Tanto que estima recuo de 2,6% nas exportações de manufaturados no ano passado, provocado pelo fraco desempenho dos mercados externos e pelo acirramento da concorrência nesses mercados, desfavorável à baixa competitividade de nossa indústria.

Rogério César destaca que a retração de aproximadamente 4% dos investimentos na economia nacional, no ano passado, foi determinante para o desempenho negativo da produção e acrescenta que, apesar das medidas do governo para estimular a atividade industrial, a indústria não mostrou reação consistente de sua produção, como governo e empresários esperavam.

A falta de reação da indústria no final de 2012 leva os analistas do Iedi a descartar uma trajetória de crescimento robusto em 2013. Esperam, contudo, em virtude do aumento de consultas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para novos financiamentos, que haja significativa retomada de investimentos na economia.

Na avaliação de Rogério César, entretanto, isso não significa que a indústria viverá um ano de bonança, pois a pressão do produto estrangeiro no mercado interno e nos mercados consumidores de produtos brasileiros será mantida. A expectativa, segundo ele, é de um crescimento modesto, por volta de 2,5% neste ano. “O ano ainda está em aberto para a indústria nacional”, disse o analista.

Edição: Lílian Beraldo

 

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