Operários que trabalham na construção da usina hidrelétrica de Colíder, no norte de Mato Grosso, depredaram veículos e instalações do canteiro de obras na noite de anteontem.
Os trabalhadores atearam fogo em 16 ônibus, em um alojamento e em um refeitório. Eles também explodiram um caixa eletrônico contendo cerca de R$ 500 mil.
Durante a ação, os operários renderam vigilantes e chegaram a usar dinamite do canteiro de obras para explodir o caixa eletrônico. Não há registro de feridos.
A Polícia Civil de Nova Canaã do Norte abriu inquérito para averiguar quem participou da depredação.
Três pessoas foram presas em flagrante sob suspeita de envolvimento no roubo ao caixa eletrônico. Duas delas estavam com R$ 40 mil em dinheiro e o terceiro dirigia um caminhão da empresa em que os três se deslocavam.
A UHE Colíder está localizada no leito do rio Teles Pires, a cerca de 700 km de Cuiabá. O empreendimento abrange quatro municípios da região (Nova Canaã do Norte, Itaúba, Colíder e Cláudia).
Em balanço divulgado no final de 2012, a Copel (responsável pela obra) divulgou que 2.600 operários trabalhavam no canteiro e que metade das obras estava concluída.
Segundo a polícia, os trabalhadores relataram que se rebelaram porque a empresa não pagaria integralmente o trabalho realizado durante o feriado de Carnaval.
Ontem, após negociação com a Polícia Militar, os trabalhadores aceitaram deixar o terreno da usina. De acordo com a Polícia Civil, a Copel cedeu os ônibus para o transporte dos funcionários, mas não forneceu alimentação ou alojamentos.
Os trabalhadores foram levados para alojamentos cedidos pela prefeitura de Colíder.
Ainda segundo a Polícia Civil, representantes do sindicato da categoria em Cuiabá estão a caminho de Colíder para ajudar nas negociações entre os trabalhadores e a empresa.
Em nota oficial, a Copel lamentou o episódio e afirmou que tomará medidas administrativas e legais. Afirmou ainda que está “rigorosamente em dia com os fornecedores da construção da usina”.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada de MT, Adão Pereira Julião, esteve na obra e informou que não foi apresentada uma reivindicação específica. “Fechamos um acordo salarial com o Consórcio JMalucelli para vigorar durante dois anos. Com data-base em julho, os operários da obra também têm previsto no acordo que a cada quatro meses, as partes se reuniriampara analisar reivindicações apresentadas no período”.
“Como no dia 11 foram queimados alojamentos e escritórios, a empresa hospedou os 2.400 trabalhadores em hoteis das cidades próximas e resolveu pagar as verbas rescisórias e mandar os operários para seus Estados até reerguer a estrutura novamente”, disse Julião.
FONTE: Folhapress pulicado no jornal A Cidade e assessoria de imprensa da Força Sindical