OIT prevê 202 milhões de desempregados no mundo em 2013

Em 2012, houve acréscimo de 4,2 milhões de desempregados, totalizando 197,2 milhões

Clarice Spitz

RIO – O Relatório Tendências Mundiais de Emprego 2013 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) traça um cenário pessimista acerca das perspectivas do mercado de trabalho no mundo. A crise na Europa e as dificuldades dos Estados Unidos em lidar com a questão fiscal estão no centro da explicação e têm reflexos diretos sobre a recuperação do emprego em todo o mundo, segundo a entidade. Neste ano, mais 5,1 milhões de pessoas devem se juntar ao contingente de desempregados em todo o mundo. Em 2012, houve um acréscimo de 4,2 milhões totalizando 197,2 milhões, um dos maiores aumentos desde 2000. Um quarto deste incremento ocorreu somente nas economias desenvolvidas. Nos próximos cinco anos, o contingente de desempregados deve chegar a 210 milhões.

De acordo com o relatório, a economia global deve mostrar uma modesta recuperação no início de 2013, com a atividade passando de 3,2%, em 2012, para 3,6%. No entanto, esse movimento deve ser incapaz de reverter o quadro de incerteza e o desemprego global deve permanecer elevado e até aumentar no curto prazo.

A taxa de desemprego global deve passar de 5,9% para 6% e tende a permanecer nesse patamar até 2017, segundo as projeções da OIT. O mercado de trabalho tende a reagir com atraso à retomada da atividade. A América Latina tem taxa acima da média global, e deve passar de 6,6%, em 2012, para 6,7%, em 2013. Para as economias desenvolvidas e União Europeia a taxa deve ser ainda maior, de 8,6% neste ano, e de 8,7%, em 2013.

Pelas projeções da entidade, a demanda agregada (consumo das famílias, consumo do governo, exportações liquidas e investimentos) brasileira deve ser de 3,5% neste ano, menos da metade da projetada para China e Índia (8,5%, em ambos os casos).

Entre os jovens, que tradicionalmente apresentam desemprego maior, a taxa de desocupados foi de 12,6%, em 2012, ligeiramente superior ao ano anterior (12,4%). Foram 74 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos desempregadas no mundo. Cerca de 35% dos jovens desempregados nas economias avançadas ficaram sem emprego durante seis meses ou mais.

O relatório sugere que os responsáveis pela formulação de políticas empreendam uma ação coordenada para apoiar a demanda agregada, especialmente através de investimentos públicos em infraestrutura, além de promover programas de formação e recapacitação. Segundo relatório, o aumento da incerteza, sobretudo em países desenvolvidos, enfraqueceu o crescimento global pesando tanto sobre o consumo quanto sobre o investimento. No Brasil, a contribuição do investimento para o PIB global ficou negativo em 0,8 ponto percentual, ante 1 ponto percentual em 2011.