Aposentados pedem a criação de índice nacional de inflação

Após a negativa do governo em discutir, ainda neste ano, questões como o fim do fator previdenciário e o reajuste de benefícios acima da inflação, ele sinalizou a possibilidade de conversar sobre temas mais amenos. Ontem à tarde, centrais sindicais e entidades de aposentados e pensionistas se reuniram para elaborar pauta de reivindicações. A apresentação será feita ao ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, e o ministro-chefe da Presidência da República, Gilberto Carvalho, no dia 3. Na semana passada, os ministros pediram que levantassem as 20 maiores demandas e as levassem na próxima reunião.

Um dos maiores pleitos é a criação de índice nacional de preços aos aposentados, considerando, efetivamente, o que mais pesa no bolso da terceira idade. “O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) não possui a figura do idoso. Ele considera uma família de quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças. Os gastos são diferentes dos nossos e, portanto, não dá para esse indicador corrigir os nossos benefícios. É preciso haver peso maior para desembolsos com plano de saúde, medicamentos, fraldão e alimentação”, contextualiza o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical, João Inocentini.

Embora hoje exista o IPC-3i, calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), com base em sete capitais, os aposentados querem um que abranja o País todo, mensurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e que substitua o INPC.

Outra demanda, e que o governo sinalizou a possibilidade de conversa, é a criação de uma secretaria para aposentados, pensionistas e idosos no Ministério da Previdência Social. “Dessa forma estaríamos mais próximos da presidente (Dilma Rousseff) e teríamos mais força nas decisões”, justifica o diretor da Cobap (Confederação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil) José Ribeiro.

Os ministros também simpatizaram com a questão da atualização da cesta de medicamentos, a mesma de oito anos atrás. “Queremos que sejam distribuídos pelo menos os cinco remédios mais receitados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A medicina avançou e, hoje, há medicamentos mais eficazes do que os que são disponibilizados”, afirma Antero Ferreira Lima, diretor da Fapesp (Federação dos Aposentados e Pensionistas do Estado de São Paulo).

Um dos temas mais polêmicos durante a reunião foi a questão do plano de saúde. A ideia, até então, era a criação de convênio em parceria com as Santas Casas de Misericórdia no País, a preços subsidiados. Muitos, porém, discordaram, e na pauta constou, por fim, a demanda por plano em parceria com o Ministério da Saúde.

Eles querem também que a desoneração da folha de pagamento seja melhor discutida. “A medida vai deixar de arrecadar R$ 41 bilhões. Não somos contra. Mas o Tesouro vai bancar até quando? Vai sobrar para o povo”, diz Inocentini. “O governo ajuda meia dúzia de empresários e nega a extinção do fator, que vai custar R$ 3 bilhões.”