Carolina Farias e Guilherme Balza
no Rio e em São Paulo
Após diversos protestos que se espalharam nas principais cidades brasileiras, os governos do Rio de Janeiro e de São Paulo anunciaram, na noite desta quarta-feira (19), a redução das tarifas do transporte público.
Em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), anunciaram que o valor dos ônibus, metrô e trem voltarão a ser R$ 3 a partir da próxima segunda-feira (24). A decisão representa uma diminuição de R$ 0,20.
Já no Rio de Janeiro, o aumento no valor das passagens de ônibus, metrô, trens e barcas também foi suspenso, segundo o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PMDB), que disse que a decisão foi combinada com o Estado vizinho. “Essa suspensão se dá em conjunto com o prefeito de São Paulo.”
São Paulo
“Quero dizer que no caso do metrô e trem, nós vamos revogar o reajuste dado, voltando a tarifa original de R$ 3. É um sacrifício grande, vamos ter que cortar investimentos, porque as empresas não têm como arcar com esses custos”, disse Alckmin ao anunciar a medida. “Esse debate vai ser feito com a sociedade, as implicações dessa medida. Esperamos a manutenção do espírito de democracia. Estaremos em diálogo com a população de São Paulo”, afirmou Haddad.
A passagem do transporte coletivo em São Paulo foi reajustada de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2. A inflação desde o último aumento nos ônibus da capital, em janeiro de 2011, foi de 15,5%, de acordo com o IPCA (índice oficial, calculado pelo IBGE). No caso do metrô e dos trens, o último reajuste ocorreu em fevereiro de 2012. Se optassem por repor toda a inflação oficial, a gestão Haddad teria de elevar a tarifa para R$ 3,47 e o governo de Geraldo Alckmin, para R$ 3,24.
Inicialmente, Alckmin e Haddad se mostraram irredutíveis e descartaram inclusive a hipótese de suspender, por 45 dias, o reajuste já aplicado nas tarifas. O prefeito afirmou ainda que uma possível diminuição implicaria em reduzir recursos destinados para outras áreas, como educação e saúde.
Os discursos, no entanto, começaram a mudar com a resistência dos manifestantes. No início desta semana, Haddad chegou a dizer que avaliava “algumas alternativas” para reduzir o valor das passagens.
Ontem, a ministra Gleisi Hoffmann afirmou que duas desonerações feitas pelo governo federal permitiam que os municípios, inclusive São Paulo, fizessem reajustes menores ou reduzissem o preço nos casos em que o reajuste já havia sido feito, com queda de 7,23%.
No entanto, Haddad “corrigiu” a informação da ministra e afirmou ao UOL que “o reajuste da tarifa de ônibus no município já foi feito com base nas desonerações do governo federal.
Nesta quarta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo não tem mais espaço para cortar impostos que incidem sobre as tarifas de transporte público no país. Segundo o ministro, “a parte mais salgada da conta já foi reduzida”.
Em entrevista coletiva na manhã de hoje, Haddad disse que reduzir a tarifa de ônibus seria uma medida populista e que não iria tomar essa decisão se tivesse que retirar dinheiro de outras áreas do orçamento da capital paulista.