Juros cobrados do consumidor têm nova alta e atingem maior nível em 18 meses

MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA

Os juros cobrados de consumidores continuaram subindo em outubro e atingiram o maior patamar em 18 meses, refletindo a elevação da taxa básica Selic ao longo do ano. Foi a quinta alta mensal seguida.

A taxa média de juros anual cobrada de pessoa física em operações com recursos livres, que não consideram financiamentos concedidos pelo BNDES, o crédito habitacional e o rural, ficou em 38,3%, com aumento de 1,1 ponto percentual em relação a setembro. É o maior patamar desde abril de 2012, quando a taxa estava em 39,44%.

Já os juros cobrados da empresas tiveram alta menor, de apenas 0,1 ponto percentual, chegando a 20,8% ao ano.

A alta dos juros torna mais caro fazer compras parceladas e tomar empréstimos, o que desestimula o consumo. O aumento dos juros médios no mercado é reflexo do aumento da taxa básica (Selic), que ontem subiu pela sexta vez desde abril, para 10% ao ano. O BC está elevando os juros para controlar a inflação.

No caso dos recursos direcionados, que incluem os financiamentos concedidos pelo BNDES, o crédito habitacional e o rural, os juros subiram ficaram praticamente estáveis, em 7,4% ao ano. Com isso, a taxa média de juros total praticada no país subiu de 19,5% em setembro para 19,8% em outubro.

CRÉDITO
A liberação de crédito para consumidores mostrou recuperação em outubro, após a queda de setembro causada pela greve dos bancários. O crescimento refletiu também o fato de outubro ter tido mais dias úteis.

Segundo relatório do BC, o fluxo de empréstimos para consumidores cresceu 5,7% no mês passado, após recuar 3% no anterior. A alta de outubro foi puxada pelas operações de crédito pessoal (5,6%),cartão de crédito à vista (5,8%) e aquisição de veículos (14,2%). As concessões de crédito para empresas também cresceu no mês passado (3,8%).

Apesar da recuperação das liberações de empréstimos, no entanto, o crescimento do estoque total de crédito no país foi moderado em outubro, de apenas 0,5% ante setembro.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, essa moderação é consequência natural do aumento dos juros, da forte expansão do crédito em anos recentes e do ritmo mais fraco de atividade econômica.

ENDIVIDAMENTO
Refletindo o crescimento mais moderado do crédito, o endividamento das famílias vem apresentando estabilidade, após sucessivos recordes.

O BC divulgou hoje também que as dívidas dos brasileiros representavam 45,31% da sua renda anual em setembro, sendo que dois terços desse débito é financiamento imobiliário, crédito considerado de melhor qualidade, já que significa um investimento de longo prazo.

Todos os meses, os brasileiros gastam em média 21,45% de seus salários para pagar dívidas. Esse patamar também ficou estável na passagem de agosto para setembro.