É o maior processo de desmobilização do país desde o fim da construção de Brasília.O Complexo Portuário e Industrial de Suape, em Pernambuco, um dos maiores pólos econômicos geradores de emprego do Nordeste, está começando a promover o segundo maior processo de demissão em massa da história do Brasil, extinguindo cerca de 67 mil vagas de emprego formal até 2016, segundo dados de um levantamento realizado pelo governo pernambucano.
O número de trabalhadores que ficarão desempregados na região só é inferior ao registrado durante o processo de desmobilização promovido em Brasília, após a conclusão das obras de construção da capital federal há 53 anos, que deixou 70 mil trabalhadores em emprego.
Após denúncias de processos de demissões irregulares, o Ministério Público do Trabalho de Pernambuco decidiu intervir, criando um Fórum para Recolocação de Mão de Obra de Suape, visando impedir o caos social se instituísse no entorno do Complexo de Suape. O fórum realizou sua primeira reunião ontem com a participação de representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), da Secretaria de Trabalho do Estado e das empresas empregadoras da região.
“As demissões já começaram. Só este mês já foram registrados 1,6 mil desligamentos, sem o pagamento devido de verbas rescisórias. Ficamos apreensivos com a situação porque o ápice das demissões vai ocorrer no período entre 2014 e 2015, quando as obras da Refinaria Abreu e Lima forem gradativamente sendo concluídas, demitindo 40 mil trabalhadores”, afirma Debora Tito, procuradora do trabalho. Segundo ela, ao contrário de Brasília, em que a maioria dos operários eram emigrantes, em Suape, 58% dos trabalhadores são pernambucanos.
“Com a criação do fórum pretendemos montar um cronograma de demissões para criar um programa de realocação de mão de obra em outras obras públicas do estado ou do município e ainda instituir a implantação de agências que façam a homologação das rescisões, para garantir os direitos trabalhistas e o encaminhamento dos trabalhador para outras vagas”, explica a procuradora.
Na opinião de Debora Tito, houve falta de planejamento por parte do governo em relação ao destino dos trabalhadores empregados nas obras públicas e privadas do Complexo de Suape após a conclusão dos projetos. “O governo só se preocupou com a chegada dos investimentos, sem fazer qualquer planejamento social em torno de Suape. Além do desemprego em curso, temos um grave problema de exploração sexual de menores na região, que acabam deixando a escola para se prostituir”, diz.