A concessão de férias coletivas neste ano deve acompanhar o desempenho dos setores na economia. As montadoras darão recesso semelhante ao de 2012, com ampliação dos dias parados em algumas empresas. No ano passado, o setor havia reduzido o intervalo em relação a 2011, estimulado pelos incentivos dados pelo governo para o setor automotivo e pela expectativa de retomada da atividade.
Apesar de mais estocadas neste fim de ano, as fabricantes de automóveis têm registrado volume de vendas melhor do que os setores calçadista e têxtil, que, por sua vez, ampliarão o descanso dado aos funcionários ou repetirão 2012, por conta das demissões acumuladas durante o ano. O setor de eletrodomésticos dará menos dias de descanso do que média geral, pois espera elevar as vendas no próximo ano, graças a programas como o Minha Casa Melhor. Pela legislação, as empresas precisam informar a concessão de férias coletivas aos sindicatos de trabalhadores com 15 dias de antecedência.
A Volkswagen não dará folgas neste fim de ano em pelo menos duas de suas quatro fábricas, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que representa os trabalhadores da unidade de São Bernardo do Campo, e do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. A empresa fará um esquema de compensação no decorrer do próximo ano dos dias não trabalhados. Na unidade de São José dos Pinhais (PR), porém, estão previstas férias de 20 e 30 dias, de acordo com o turno de cada funcionário.
A Volvo, instalada no mesmo município paranaense, para a linha de produção de 19 de dezembro a 13 de janeiro, período semelhante ao de 2012. A Renault, também de São José dos Pinhais, estipulou períodos diferentes para cada departamento. A fábrica principal, que produz os modelos Sandero, Logan e Duster, com 3,2 mil trabalhadores, terá dez dias. Os mil funcionários que produzem motores e automóveis da marca Nissan terão 20 dias. No ano passado foram 40 dias, porque a fábrica estava em reforma para aumentar sua capacidade produtiva, informa o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.
Em Piracicaba, no interior de São Paulo, a Hyundai terá férias coletivas de 18 de dezembro a 6 de janeiro, período maior que no ano anterior, mas necessário para realizar manutenção na fábrica, diz José Luiz Ribeiro, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos afirma que praticamente não houve em sua base alteração na duração das férias coletivas em relação a 2012. Neste ano, elas começarão por volta do dia 19 e irão até dia 6, inclusive nas duas fábricas da General Motors. A Embraer também para no período, mas compensará os dias do recesso durante o ano.
Na Ford de São Bernardo, no ABC paulista, o recesso começa no dia 13 para o setor de caminhões e no dia 20 para o de automóveis, com retorno no dia 6 de janeiro. No ano passado, não houve férias coletivas. A Scania, instalada na mesma região, também aumentou o período neste ano, de cerca de 15 dias para 25. A Mercedes-Benz manteve o intervalo do ano passado, quando ampliou o número de dias dados em relação a 2011, e para entre 13 de dezembro e 6 de janeiro. Já a Toyota vai de 30 de dezembro a 13 de janeiro.
Os metalúrgicos da Fiat, em Minas Gerais, voltarão a cumprir o recesso tradicional. Os 10 mil trabalhadores da fábrica em Betim descansarão entre 23 de dezembro a 6 de janeiro. Das quatro linhas de produção, uma continuará em operação, segundo a empresa. No ano passado, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis aqueceu a demanda e a direção da montadora decidiu adiar as férias coletivas para o Carnaval. João Alves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, diz que, segundo informações que chegam à entidade, os pátios da montadora estão cheios, ao contrário do que se viu no fim do ano passado.
Em Caxias do Sul, principal polo metal-mecânico do Rio Grande do Sul, o período médio permaneceu o mesmo, entre 10 e 20 dias. Segundo Leandro Velho, do sindicato dos metalúrgicos da cidade, além das férias coletivas, muitas empresas concederão “feriadões” entre o Natal e o Ano Novo com compensação posterior das jornadas não trabalhadas. “Isso mostra que elas estão esperando um aquecimento nos próximos meses”, disse o sindicalista.
Em Joinville (SC), os 8.000 trabalhadores da unidade da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, não terão férias coletivas pelo terceiro ano seguido. Rolf Decker, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Refrigeração (Sinditherme), afirma que as vendas de eletrodomésticos reagiram neste fim de ano e que, por isso, a empresa resolveu reforçar a produção.
As fabricantes de compressores que compõem a base do sindicato catarinense também não terão folga de fim de ano. O segmento, segundo Decker, já está sentindo o efeito positivo da desvalorização cambial em um aumento de demanda. Em Taubaté (SP), a LG estipulou dez dias de descanso para a área de máquinas de lavar. Já os funcionários da linha de produção de celulares e de monitores pararão por 10, 20 ou 30 dias.
Com o fraco desempenho do setor de calçados no mercado interno e com as exportações travadas por conta das barreiras impostas pela Argentina, as empresas calçadistas do Sul do país ampliarão a folga. Em Parobé, um dos principais polos do setor no Rio Grande do Sul, o período médio de parada passou de duas para três semanas, disse o presidente do Sindicato dos Sapateiros da cidade, João Pires.
De acordo com o sindicalista, muitas empresas já haviam parado em setembro e outubro e agora estão antecipando parte do próximo período de férias. A cidade reúne pelo menos 15 fabricantes de médio e de grande porte e quase 400 pequenos ateliês.
As empresas de calçados e confecções da região de Jacutinga e Monte Sião, no sul de Minas Gerais, concederão férias coletivas com duração entre 15 e 30 dias, segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Calçados, Vestuário e Similares de Pouso Alegre, Benedita Soares. É uma repetição do que fizeram ano passado, mas dessa vez com um contingente menor de trabalhadores. “Neste ano, menos empresas vão dar férias coletivas, porque ao longo do ano houve muita demissão”, afirma Benedita. O sindicato estima que foram fechadas mil vagas na região, que engloba uma base de 9.000 trabalhadores.