Emprego no segmento cresce menos (automotivo)

Camilla Veras Mota | De São Paulo

O emprego no setor automotivo perdeu ímpeto e cresceu menos nos últimos dois anos, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano passado, segundo o IBGE, o nível de emprego no segmento de fabricação de meios de transporte aumentou 0,2%, enquanto a indústria reduziu a ocupação em 1,5%. Em 2012, o setor registrou demissões líquidas e encolheu 1,4%, retração semelhante à da indústria, de 1,5%. Entre 2004 e 2008, o emprego no setor crescia a um ritmo médio de 7,2% ao ano, contra altas médias anuais de 1,5% no total da indústria. A desaceleração, para economistas, é reflexo do ritmo mais lento da atividade e do esgotamento das medidas de estímulo à demanda, impactada pelo maior endividamento do consumidor e pelo crédito mais caro.

Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), diz que o emprego no setor continua em expansão. Dados da entidade apontam que o setor, que empregava 145 mil pessoas no início de 2012, contabilizava 153,5 mil empregados em dezembro de 2013. Enquanto os dados do IBGE seguem uma amostra do setor que ainda não incorporou parte das novas fábricas, a da Anfavea considera todas as unidades de produção.

Aloisio Campelo, coordenador de sondagens conjunturais da Fundação Getulio Vargas (FGV), chama atenção para a recuperação do emprego em 2010 – alta de 6% depois do tombo de 9,5% no ano anterior – e a compara com a alta modesta de 0,2% no ano passado, ante redução de 1,4% na ocupação no período anterior. Para ele, o contraste revela como o setor está se acomodando diante de uma nova fase, de consumidor mais endividado e crédito mais caro.

Nesse sentido, afirma Mario Sergio Salerno, professor da Universidade de São Paulo (USP), o resultado é também uma “flutuação” decorrente do arrefecimento da atividade e pode ter sido afetado por demissões decorrentes do fim de linhas de produção em algumas montadoras. Em 2013, a General Motors, por exemplo, dispensou 1.053 funcionários da fábrica de São José dos Campos.