Whirlpool estuda decretar mais férias coletivas

A fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, dona das marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid, estuda a possibilidade de fazer novas férias coletivas em uma de suas fábricas entre o fim de agosto e o início de setembro. A informação foi dada ao Valor por Armando Valle, vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da companhia para a América Latina. O executivo não especificou qual fábrica ou qual linha de produto seria afetada pela paralisação. “É uma linha que ainda precisamos adequar os estoques”, disse.

Em junho, a companhia deu férias coletivas para um terço de seus 15 mil funcionários no país. A paralisação afetou de forma distinta as três fábricas no país. Em Rio Claro, no interior de São Paulo, onde são produzidas lavadoras e fogões, as atividades foram interrompidas entre 16 e 25 de junho. Em Joinville, só pararam os funcionários da área administrativa, entre os dias 15 e 25 de junho. A produção de refrigeradores continuou em funcionamento. Na unidade de Manaus, a paralisação ocorreu durante todo o mês de junho. No mesmo período, a Electrolux também deu férias a pouco mais da metade de seus 8,6 mil funcionários no país.

Segundo Valle, depois das paralisações, a Whirlpool não chegou a fazer demissões, mas passou a não repor os trabalhadores que deixaram a companhia. O executivo não informou quantas vagas deixaram de ser preenchidas.

Além das férias coletivas, a fabricante também anunciou no meio do ano um reajuste de preços de 10% para compensar a alta de custos acumulada nos últimos anos. De acordo com Valle, um novo reajuste não está descartado para o 2º semestre. “Vai depender de como o câmbio e a inflação se comportarem”, disse.

Os ajustes feitos pelas fabricantes são reflexo das vendas fracas do setor de linha branca no 1º semestre. De acordo com Valle, no período, o número de produtos entregues aos varejistas pelos fabricantes teve uma queda de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, a maior retração em 10 anos. O pior desempenho ficou concentrado no 2º trimestre: entre 15% e 20% de recuo por conta do maior interesse dos consumidores por aparelhos de TV – no 1º trimestre, o setor chegou a apresentar alta de 5%.

Com o desempenho do ano até agora, a Whirlpool revisou para baixo suas expectativas para o setor em 2014. Agora, ao invés de uma de estabilidade em relação a 2013, com 18,16 milhões de unidades de refrigeradores, lavadoras automáticas e fogões vendidas, a projeção é de uma queda de 5%. Se esse quadro se consolidar, será o segundo ano consecutivo de queda para o setor. No ano passado o recuo já havia sido de 5%.

De acordo com o executivo, encerrar o ano com vendas fracas pode ser um mal indicador para o começo de 2015. Ele não quis, no entanto, fazer projeções para o próximo ano. “Ainda é muito cedo para dizer.”

Procurada, a Electrolux informou, por meio de sua assessoria de imprensa que não iria se manifestar sobre o assunto.