GM confirma suspensão temporária de contrato de 930 funcionários

A General Motors do Brasil irá suspender temporariamente o contrato de trabalho de 930 funcionários da fábrica da montadora em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo).

A decisão foi tomada após assembleias do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, na manhã e na tarde de terça-feira (26).

Segundo a fabricante, a suspensão ocorrerá a partir do dia 8 de setembro e irá durar cinco meses.

De acordo com o sindicato, os funcionários afetados pelo “lay-off” receberam garantia de seis meses de estabilidade no emprego quando voltarem ao trabalho.

A unidade de São José dos Campos da General Motors produz atualmente a picape S10 e o utilitário Trailblazer, além de motores e transmissões.

Durante o período de suspensão do contrato, parte dos salários é paga pelo governo federal, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

Em visita ao Brasil neste mês, a presidente-executiva da GM, Mary Barra, disse que o investimento recentemente anunciado de R$ 6,5 bilhões não impediria outras suspensões temporárias.

“Novos investimentos são uma mensagem positiva, mas você nunca pode dizer que demissões e lay-offs´ estão fora de cogitação”, explicou.

O sindicato da região teme mais demissões na empresa. Em dezembro de 2013, a GM dispensou cerca de mil funcionários em São José dos Campos.

“Condicionamos a aceitação do ´lay-off´ à garantia de estabilidade de emprego dos funcionários afetados e de que não irão acontecer demissões”, afirma Antônio Ferreira de Barros, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que representa os empregados da GM na cidade do Vale do Paraíba.

A unidade deverá receber novos produtos entre 2015 e 2016, como parte da renovação da linha de carros compactos da Chevrolet.

VOLKSWAGEN

Na segunda-feira (25), a Volkswagen iniciou a um período de férias coletivas de dez dias para funcionários da unidade de Taubaté (a 140 km de São Paulo).

A empresa não informou o número de atingidos, mas apenas as áreas administrativas continuarão a operar. Ao todo, a unidade emprega cerca de 4.500 trabalhadores.

Essa é mais uma das interrupções nas linhas de montagem em um ano marcado pela baixa nas vendas.

De acordo com a Anfavea (associação das montadoras), a produção de veículos registrou queda de 17,4% na comparação de janeiro a julho deste ano com o mesmo período de 2013, enquanto os licenciamentos caíram 8%.

A entidade espera que o mercado reaja nos próximos meses, mas sabe que a retração nos emplacamentos deverá ser superior a 5% no acumulado de 2014 em relação ao ano passado.

A Volkswagen já havia passado por um período “lay-off”, anunciado em maio. Na mesma época, o Grupo PSA Peugeot Citroën deu início a um plano de demissão voluntária.

Outras empresas do setor também tiveram períodos de férias coletivas ao longo de 2014, como Fiat, Ford, Hyundai, Renault e Scania.

MERCEDES-BENZ

A Mercedes-Benz é outra montadora que adotou a suspensão temporária de contrato dos seus funcionários. Desde maio, 1,2 mil empregados da empresa estão em “lay-off” e devem ficar nesta situação até novembro.

As duas fábricas da empresa, em Juiz de Fora (MG) e São Bernardo do Campo (SP), sofreram medidas para reajustar a produção nos últimos meses, entre programas de demissão voluntária (PDV), férias coletivas e “lay-off”.

Segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil Philipp Schiemer, ainda há excedente de 500 funcionários nas duas plantas. Mas o único plano da montadora para ajustar esse excedente ainda é o plano de demissão voluntária, que continua em vigor até o final de novembro, e que teve 1.100 adesões. “Ninguém pensa em fechar fábricas. Iremos manter os investimentos e encontrar uma forma de manter as duas fábricas trabalhando”.

O presidente da montadora alemã no Brasil ainda afirmou que negocia com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a redução da tabela de salários na fábrica de São Bernardo do Campo, que paga valores 50% maiores do que na planta de Juiz de Fora.

Além disso, a Mercedes-Benz quer aumentar o prazo do reajuste salarial da data-base. “A indexação do salário mata as indústrias em crise. Em nenhum outro país se falaria em reajuste em uma situação como essa “, disse Schiemer.