Há anos o movimento sindical vem alertando as autoridades econômicas sobre o risco da aceleração do processo de desindustrialização no Brasil. Por isso, o recente anúncio de que a indústria de transformação caiu 3,1% no primeiro trimestre de 2012, ante um crescimento de 2,7% verificado no mesmo período do ano passado não surpreendeu os trabalhadores.
Sob pressão das centrais sindicais e dos empresários, o governo e os políticos começaram a se mexer. O Senado aprovou a Resolução 72 que fixou a cobrança de ICMS de 4% para importados, acabando com a guerra dos portos. O governo anunciou há pouco corte de impostos e liberação de parte do compulsório para ser usado no financiamento de automóveis.
Em contrapartida, indústrias e bancos também vão ter de ajudar para melhorar as vendas. Os fabricantes garantiram não demitir e baratear os preços dos carros. E os bancos disseram que vão oferecer juros menores e maior prazo para pagamento.
Alegando prejuízos, a indústria de autopeças ameaça demitir. O número de postos de trabalho em perigo na cadeia automotiva chega a 90 mil.
Vamos ficar de olho.
Em caso de corte de pessoal, os trabalhadores prometem reagir, fazendo manifestações de protesto e parando as fábricas. Na nossa visão, o momento é de um esforço conjunto entre capital e trabalho para possibilitar a retomada do crescimento econômico e industrial.
As medidas do governo vêm em boa hora, porém são paliativas. O país precisa de investimentos na ampliação do parque fabril, na modernização das empresas, em tecnologia e em formação de mão de obra para inaugurarmos a era do crescimento sustentado.
Por Miguel Torres
Presidente em exercício da Força Sindical
Presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo