Apesar da desaceleração do PIB e da queda de 2,5% da atividade industrial no segundo trimestre de 2012, o desemprego caiu e ao mesmo tempo os sindicatos e trabalhadores conquistaram os melhores reajustes salariais desde que o levantamento do Dieese foi instituído, em 1996.
Dos 370 acordos analisados pela instituição, 97% dos reajustes negociados, de janeiro a junho, ficaram acima da inflação. Além disso, o Dieese constatou a existência de um significativo crescimento no patamar dos aumentos reais negociados – verificado na indústria, comércio e serviços e em todas as regiões geográficas do Brasil.
Para melhorar ainda mais o nível de reajustes até dezembro, os trabalhadores, organizados e mobilizados, terão de aumentar a pressão sobre os patrões e partir para ações mais radicais, como greves e manifestações de rua, para alcançar seus objetivos.
O momento é de buscar a nossa parte na divisão da riqueza produzida pelo trabalho. As medidas de estímulo ao crescimento econômico, como a redução dos juros e o cortes de impostos, deverão fazer efeito já este mês.
Mesmo com a redução da atividade econômica, os patrões estão mantendo os empregos e fazendo acordos de reajustes salariais porque estão na expectativa da retomada da economia. Se demitirem agora e depois o país voltar a ter um crescimento vigoroso vai custar caro treinar os novos empregados.
No primeiro semestre, o sucesso das campanha salariais está relacionado à capacidade de luta das categorias e de seus sindicatos por maiores salários, além da política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, da redução da inflação e da manutenção no nível de emprego.
Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM/Força Sindical