“A economia brasileira está na UTI. Crescimento econômico pífio, juros em patamares estratosféricos, inflação alta e a desindustrialização, que está colocando em risco a sobrevivência de fábricas e os empregos por elas mantidos. O governo, infelizmente, tem em seu receituário solução para o soluço, esquecendo-se de que a economia padece lentamente, próxima a um quadro crônico.
A solução pontual não resolve. A crise é generalizada e, a cada soluço da indústria, o governo tenta resolver com sustos e remendos. O rumo que a economia vem tomando preocupa a classe trabalhadora. Os números revelam que o governo fracassou em sua atual política econômica. O crescimento médio do Brasil no período de 2011/2014 ficará em 1,9% ao ano. Infelizmente, nossa economia apenas patina.
O rápido crescimento da desindustrialização revela que o setor industrial enfrenta um problema grave. O assunto é estratégico para o desenvolvimento do País, mas infelizmente o governo virou as costas e simplesmente o apagou da agenda de prioridades nacionais. Há 25 anos, a indústria de transformação brasileira correspondia a 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Hoje, ela corresponde a menos de 15%, reduzindo, sensivelmente, a nossa capacidade produtiva.
É interessante notar como o governo busca expedientes artificiais e fracos historicamente como solução. O governo anunciou recentemente que decidiu tornar permanente a desoneração da folha de pagamento para 56 setores. Isto sem um amplo diálogo com as forças envolvidas no setor produtivo. No caso dos trabalhadores, com quem o governo se recusa a dialogar, é importante a inclusão de contrapartidas sociais no acordo. A diminuição da rotatividade, por exemplo, só traria benefícios para a sociedade.
O governo precisa ouvir o movimento sindical e mudar os rumos de sua política econômica. Os trabalhadores anseiam por um Brasil com justiça social, desenvolvimento econômico, emprego e renda para todos. E isto nós só teremos com a tomada de novos rumos na nossa economia”.
Miguel Torres
presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes