Há tempos a Força Sindical vem alertando o governo sobre sua política econômica equivocada e os males que tais equívocos trariam ao setor produtivo, sobretudo ao setor industrial. Mas nossas advertências perderam-se no vento, e os resultados estão aí, contrariando todas as argumentações governamentais e nossas expectativas, inclusive.
O desempenho da produção industrial está fraco, tanto que as importações brasileiras foram superiores, no mês passado, às exportações, provocando um aumento do déficit comercial de US$ 1,2 bilhão. De janeiro a setembro de 2014, a produção sofreu um recuo de 2,9% se comparada ao mesmo período de 2013. Há cerca de duas décadas, a indústria de transformação – que transforma matéria-prima em produto final ou intermediário – correspondia a 25% do PIB. Hoje, no entanto, não chega a 15% (frisamos que é na indústria de transformação que estão os maiores salários e os empregos formais de qualidade).
Caso esse quadro não seja revertido e uma recuperação ocorra no setor industrial – assim como em toda a cadeia produtiva –, a retomada do crescimento econômico torna-se cada vez mais um objetivo distante de ser alcançado.
O governo precisa rever sua política econômica. Deixar o País fechado à competição externa, manter os juros nas alturas e aumentar tarifas, entre outras demandas, não contribui em nada para alavancar nossa economia.
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes