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SÁBADO, 31/01/2015, 06:03
Indústria de grandes obras deve cortar 50% dos postos de trabalho em 2015
A previsão é da federação nacional que representa a categoria, a Fenatracop. Um dos motivos é o envolvimento da Petrobras em escândalos de corrupção. O setor é responsável por grandes obras ligadas a empreiteiras.
Por Talis Mauricio – CBN
Sem esperança: assim começou o ano nos municípios de Missão Velha, Brejo Santo, Barbalha e Crato, no Ceará. O canteiro de obras do ´Cinturão das Águas´, empreendimento dos governos federal e estadual para abastecer a região seca do Cariri, está completamente parado.
Entre dezembro e janeiro deste ano, 4.500 trabalhadores foram demitidos, muitos sem receber as rescisões trabalhistas. E a previsão para 2015, segundo um dos representantes da categoria na região, Evandro Pinheiro, não é das mais animadoras.
O Ministério da Integração Nacional informou que os pagamentos estão sendo feitos às empresas de acordo com as medições da obra.
O presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada, Wilmar Santos, avalia que 50% da mão de obra do setor deve ser reduzida em 2015, passando de 3 milhões e meio em todo o País para algo em torno de 1 milhão e 700 mil. Para ele, além da estagnação da economia, grande parte da crise está relacionada aos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras.
A CBN teve acesso a um levantamento da Força Sindical previsto para ser divulgado na próxima semana. Os dados mostram que, além do Ceará, a indústria das grandes obras ligadas a empreiteiras enfrenta dificuldades em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, onde mais de 3 mil postos de trabalho foram cortados no Estaleiro Enseada do Paraguaçu entre dezembro e o início deste ano.
De acordo com o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, a pesquisa mostra um cenário complicado também para outros setores.
Nos últimos dias, as montadoras de veículos viram a crise transbordar para o ramo de autopeças. Uma empresa de Guarulhos, na Grande São Paulo, fechou as portas e demitiu 770 funcionários sem pagar os salários atrasados. O presidente do Sindipeças, Paulo Butori, avalia que 2015 não deve ser como 2014, quando 19 mil trabalhadores foram desligados. Os cortes, no entanto, devem continuar.
O economista Carlos Eduardo Gonçalves, da Universidade de São Paulo, acredita que toda essa crise é apenas a pontinha do iceberg. A reportagem da CBN entrou em contato com o Ministério do Trabalho e Emprego, mas não obteve retorno.