Com o anúncio do Programa de Demissão Voluntária na GM, meta de cortes deste ano já equivale a um terço das dispensas de 2014
A General Motors abriu nesta terça-feira um programa de demissão voluntária (PDV) para as fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos, ambas em São Paulo. A empresa alegou necessidade de “ajustar a produção à demanda”, e não divulgou meta a ser atingida.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, o grupo afirma ter cerca de 1,5 mil trabalhadores excedentes nas duas fábricas, quase 10% de todo o efetivo dessas unidades, de 16,3 mil pessoas.
Com outros programas similares anunciados desde janeiro, pode passar de 4 mil os cortes nas montadoras nos próximos meses, caso as metas de desligamento voluntário sejam atingidas. Esse número equivale a um terço de todas as demissões ocorridas no setor no ano passado, quando 12,4 mil vagas foram fechadas.
Também estão com PDVs abertos a Volkswagen, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), e a Renault de São José dos Pinhais (PR). No caso da Volkswagen, o excedente seria de 2,1 mil funcionários e, no da Renault, de 500 a mil, segundo informam os sindicatos locais dos metalúrgicos.
A Volkswagen também estaria avaliando a abertura de um PDV na unidade de Taubaté (para cerca de 400 trabalhadores) e a Ford para a fábrica de São Bernardo, mas nenhuma delas confirma as informações repassadas por sindicalistas.
A Ford informou nesta terça-feira que vai parar toda a produção de automóveis e caminhões da fábrica de São Bernardo do Campo durante a semana do carnaval, medida adotada também pela GM de São Caetano e pela MAN Latin América, de Resende (RJ).
A MAN, fabricante de caminhões e ônibus da marca Volkswagen, também negocia com os trabalhadores novo período de férias coletivas de 10 a 20 dias para o fim deste mês.
Quatro montadoras – Mercedes-Benz, GM, Nissan e Ford – estão ainda com aproximadamente 3,1 mil trabalhadores em lay-off (contratos suspensos temporariamente), alguns deles com retorno previsto para esta semana – caso da GM em São José dos Campos.
Vendas. Em janeiro, as vendas de veículos novos caíram 31,4% em relação a dezembro e 18,8% na comparação com o mesmo mês de 2014, para 253,8 mil unidades.
Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o segmento de caminhões foi o mais afetado nesse início de ano, com queda de 44% nas vendas em relação a dezembro e de 28,4% na comparação com janeiro do ano passado, para apenas 7.674 unidades.
Os fabricantes afirmam que o atraso na publicação das novas regras de financiamento pelo Finame/PSI praticamente paralisou as vendas de caminhões. Por isso, as empresas, por meio de seus bancos, começaram a lançar nos últimos dias pacotes próprios de financiamento às vendas.
O segmento de automóveis e comerciais leves vendeu no mês passado 243,9 mil unidades, uma redução de 31% ante dezembro – quando houve uma corrida às lojas em razão do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – e de 18,6% no comparativo com janeiro de 2014.
No ano passado, as vendas da indústria automobilística já haviam caído 7,1% no comparativo com 2013, para 3,498 milhões de unidades.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que divulgará nesta quinta-feira dados de produção e empregos de janeiro, iniciou 2015 com previsão de vendas estagnadas para o ano todo e alta de 4% na produção.
A projeção não é consenso no setor. Nesta terça-feira, o vice-presidente da Ford para América do Sul, Rogelio Golfarb, disse que as vendas e a produção de veículos têm “viés de baixa” em 2015.
De acordo com o Golfarb, isso é consequência da “exaustão do ciclo de crescimento”, do crédito caro e escasso para financiamentos, da falta de confiança dos consumidores e das medidas de ajuste fiscal anunciadas recentemente pela nova equipe econômica.
Para as vendas, a Ford espera inicialmente queda de 5% neste ano na comparação com 2014./ COLABOROU IGOR GADELHA .