Mulheres estão conquistando cargos de diretoria, presidências e chefias.
Mesmo assim, o salário delas na mesma função ainda é menor.
A Sala de Emprego dessa segunda-feira (9) fala sobre a diferença salarial entre homens e mulheres. Apesar das mulheres terem conquistado cargos de diretoria, presidência e chefias, o salário delas é 30% menor, na mesma função deles.
Em um universo ainda masculino como o da tecnologia Daniela Sícoli conquistou o Olímpio. Ela
é gerente de recursos humanos da Microsoft no Brasil: “Nós temos 30% de mulheres no nosso corpo de funcionários. Seis, oito anos atrás a gente tinha não mais do que 22%”.
Exemplos como o da Daniela mostram que vem diminuindo a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Segundo a Catho, a participação feminina na liderança das empresas aumentou 109,93% desde 2002. Os cargos que mais cresceram foram para vice-presidente, gerente, supervisora, presidente, diretora e encarregada.
“Acontece por uma melhor qualificação das mulheres. Fizemos uma análise desde 2002 a 2015 e isso levou a conclusão de que a participação das mulheres vem subindo e isso se reflete na remuneração também das mulheres”, afirma Murilo Cavellucci, diretor de gente e gestão da Catho.
O salário das mulheres tem subindo ano a ano mais do que o dos homens, mas ainda há diferença na remuneração quando eles ocupam a mesma função. A pesquisa anual da Catho indicou que os homens ganham, em média, até 30% a mais. Quanto menor o cargo, maior é a diferença. No cargo de técnico, por exemplo, um homem ganha R$ 2.300 e uma mulher R$ 1.800. Na gerência, o salário do homem é de R$ 19.200 e o da mulher R$ 18.600.
“Podemos perceber que o salário das mulheres sobe mais do que o dos homens e isso faz com que essa diferença historicamente apresentada venha diminuindo em alguns cargos. Em cargos de alta liderança, diretores e vice-presidentes, essa diferença média chega a ser menor que 4%. O que indica que a tendência é que a diferença da remuneração entre homens e mulheres vai desaparecer num curto espaço de tempo”, prevê Murilo.
Antes disso acontecer, vai ser preciso convencer o mercado. Muitas empresas de recrutamento e seleção costumam olhar as mulheres com desconfiança e questionar se elas serão capazes de equilibrar a vida pessoal e com a profissional.
“A mulher se afasta do mercado e como qualquer candidato o mercado muitas vezes não entende que esse afastamento aconteceu por uma maternidade. Existe um preconceito que ela se desatualizou, que ela de repente não merece mais ganhar tanto. A mulher pode sim ter uma diminuição salarial e equiparada com um homem ela vai ficar um pouco mais pra trás”, diz Juliana Alvarez, gerente da da Page Personnel.
Daniela teve que se afastar da empresa dois meses antes de dar a luz aos trigêmeos porque não conseguia se locomover com o barrigão. Ela trabalhou de casa e depois da licença maternidade voltou com tudo: “O que a gente mede aqui é o resultado, não importa efetivamente de onde você exerça o seu trabalho, o que a gente vai querer ver é o impacto que você traz, o resultado que você traz”.
Diferenças salariais
Alguns números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) abordam os salários dos brasileiros, como o rendimento médio mensal entre homens e mulheres com carteira assinada em 2004 e 2013. Em 2004, os homens ganhavam R$ 1.705 e as mulheres R$ 1.233. A diferença salarial era de 28%. Em 2013, eles passaram a ganhar R$ 2.146 e elas R$ 1.614. A diferença diminuiu para 25%.
Na análise sobre os maiores salários por região, as estatísticas mostram que os homens ganham mais no Sudeste (R$ 5.691). Depois, vem o Centro-Oeste (R$ 5.496), o Sul (R$ 4.842), o Nordeste (R$ 3.966) e o Norte (R$ 3.841).
Já as mulheres ganham mais no Centro-Oeste (R$ 4.117). Em seguida, estão Sudeste (R$ 3.873), Sul (R$ 2.992), Norte (R$ 2.948) e, por último, o Nordeste (R$ 2.727).
Analisando o salário por setor, os homens ganham mais na construção civil (R$ 9.219), depois na indústria (R$ 5.767) e, em terceiro lugar, vem o setor da educação, saúde e serviços sociais (R$ 5.630). Já as mulheres também ganham mais na construção civil (R$ 6.197), só que 33% a menos que os homens e isso no mesmo cargo. Em segundo lugar aparece o setor de transporte, armazenagem e comunicação (R$ 4.185) e em terceiro a indústria (R$ 3.996).