Fiesp e centrais farão ações contra alta de imposto e retirada de direitos

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No centro da mesa, Miguel Torres (camisa branca) e Paulo Skaf

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

09/03/2015 19h39

Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), sindicatos patronais de 70 segmentos e representantes de seis centrais sindicais decidiram fazer ações em conjunto para se posicionarem contra as medidas provisórias que retiram direitos dos trabalhadores e contra o projeto de lei que o governo prepara para aumentar impostos.

Em reunião na sede da federação, na capital, cerca de 150 empresários e sindicalistas aprovaram a criação de um comitê permanente para estudar medidas emergenciais para recuperar a economia e cobrar do governo redução de juros, corte de gastos públicos e não elevação de impostos.

“Estamos muito preocupados com o momento que o Brasil passa e queremos encontrar caminhos para uma melhora emergencial “, disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp, que chamou o movimento de uma “União a favor do Brasil”.

“Se o governo quiser fazer o ajuste fiscal, que faça reduzindo gastos, e não criando novas receitas por meio do aumento de impostos”, afirmou Skaf.

O grupo vai informar o governo federal, por meio de um documento oficial, e telefonar para a presidente Dilma Rousseff para informar sobre as decisões em parceria, além de pedir que recue nas medidas que podem afetar o custo das empresas e, consequentemente, o emprego.

O movimento se refere às medidas provisórias 664 e 665, que tornam mais rígidas as regras para o pagamento do abono salarial, do seguro-desemprego, da pensão por morte e do auxílio-doença e ao projeto de lei que substitui a medida provisória 669, que prevê subir a alíquotas da contribuição previdenciária.

Atualmente a tributação é de 1% ou 2% sobre o faturamento total das empresas, dependendo do setor. Com a mudança proposta pelo governo, passará para 2,5% e 4,5%, respectivamente.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, comparou o Brasil a um paciente que está na UTI e ” com o oxigênio quase no fim”.

“Tem de haver ações emergenciais. O ponto de partida é a união de trabalhadores e empresários contra medidas provisórias e projetos de lei que afetem o emprego e acelerem o processo de desindustrialização”, disse Torres.

Representantes da CUT, da UGT, da CGTB, da CTB e da CSB também estavam presentes no encontro. O comitê deve se reunir na semana que vem para definir suas primeiras ações.

Neste momento não estão previstos atos e manifestações em conjunto.

“Essa casa não fará nada que vá ferir a democracia”, disse Skaf, ao descartar o engajamento do grupo com movimentos que pedem o impeachment da presidente Dilma.

No próximo domingo (15), o Movimento Brasil Livre (MBL) e outras entidades farão ato em São Paulo e parte delas defende o impeachment da presidente. Dois dias antes, sexta-feira, dia 13, CUT e outras entidades sindicais farão manifestação em prol de direitos dos trabalhadores, em defesa da Petrobras, da democracia e da reforma política.

PELO EMPREGO
Miguel Torres, da Força Sindical, afirmou que, em um segundo momento, não estão descartados protestos em parceria com os empresários, como os que ocorreram em 2012. Naquele ano, trabalhadores e empresários se uniram no chamado “Grito de Alerta”, em defesa do emprego e do fortalecimento da indústria.

“A economia está desorganizada e precisamos consertar isso. No curto prazo, o governo tem de baixar os juros e não dá para aumentar impostos. Tem de reduzir ministérios, secretariados, cortar gastos públicos”, disse Canindé Pegado, secretário-geral da UGT.

Na semana passada, outro grupo de 40 associações nacionais de empresários já havia anunciado parceria com os trabalhadores em temas em comum, como a não elevação de impostos.

“Vamos levar as questões aqui abordadas na Fiesp para discutir com o grupo de entidades que propôs a Coalizão Capital-Trabalho. Podemos fazer ações em conjunto se houver interesses em comum”, disse Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq, que reúne os fabricantes de máquinas.