Economia brasileira cresce 0,1% em 2014, diz IBGE

PIB per capita (por pessoa) caiu a R$ 27.229.
Taxas positivas partiram de agropecuária e serviços; investimentos caíram.

Anay Cury e Cristiane Cardoso
Do G1, em São Paulo e no Rio

A economia brasileira cresceu 0,1% em 2014, segundo informou nesta sexta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a R$ 5,52 trilhões, e o PIB per capita (por pessoa) caiu a R$ 27.229.

Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional, quando a economia recuou 0,2%. Em 2013, de acordo com dados revisados, a economia havia crescido 2,7%.

Os números apresentados pelo IBGE já foram calculados com base na nova metodologia, que incluiu dados que não existiam e mudou a classificação de alguns itens.

“O que contribuiu para o crescimento foram os serviços e, negativamente, foi a indústria”, afirmou Rebeca de La Rocque Palais, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

A previsão mais recente do Banco Central era de que o PIB tivesse recuado 0,1%, próxima à do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), chamado de “prévia do PIB”, que estimava uma contração de 0,15% no ano passado. Já a expectativa dos analistas do mercado financeiro era positiva, porque indicava uma alta de 0,15%, segundo o boletim Focus, do Banco Central.

Em relação ao terceiro trimestre de 2014, o PIB de outubro a dezembro avançou 0,3%. O resultado foi puxado pela agropecuária, que cresceu 1,8% e pelo setor de serviços, que teve expansão de 0,3%. Por outro lado, a indústria mostrou leve queda de 0,1%.

Frente ao 4º trimestre do ano anterior, o PIB mostrou retração de 0,2%, de acordo com o IBGE.

Setores
No ano de 2014, a agropecuária cresceu 0,4%, puxada pelas taxas positivas de soja (5,8%) e de mandioca (8,8%), ainda que a produção tenha desacelerado. Na contramão, caiu a produtivida da cana-de-açúcar (-6,7%), do milho (-2,2%), do café (-7,3%) e da laranja (-8,8%).

A indústria mostrou queda de 1,2%, influenciada pela retração de 2,6% em construção civil e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana. “O desempenho foi influenciado pelo maior uso das termelétricas, sobretudo a partir do segundo trimestre do ano”, diz o IBGE, em nota. Apesar da taxa negativa da atividade fabril, houve avanço de 8,7% da indústria extrativa mineral.

No caso de serviços, que teve a maior alta entre os setores, de 0,7%, o resultado foi influenciado pelos serviços de informação, atividades imobiliárias e transporte, entre outras. O aumento não foi maior porque o comércio, que costumava mostrar taxas positivas, recuou 1,8% em 2014.

Investimentos e despesas
Com a queda da produção interna e da importação de bens de capital (máquinas e equipamentos), os investimentos caíram 4,4% em 2014 – desempenho muito diferente do verificado em 2013, quando a formação bruta de capital fixo cresceu 6,1%.

A despesa de consumo das famílias, que durante anos sustentou o crescimento da economia, avançou menos do que em 2013: de 2,9% para 0,9%. A masssa salarial dos trabalhadores, descontando a inflação, aumentou 4,1%. A despesa do consumo do governo também cresceu menos no ano passado. Enquanto em 2013 a alta havia sido de 2,2% (frente a 2012), em 2014 (em relação a 2013), foi de 1,3%.

No setor externo, caíram as exportações (-1,1%) e as importações (-1,0%) de bens e serviços, com influência negativa para a indústria automotiva.

Novo cálculo
O cálculo que mede as riquezas do país ficou diferente a partir deste ano. A nova metodologiaincluiu dados que não existiam, deslocou informações e mudou a classificação de alguns itens, deixando a medição mais precisa. Novos dados foram incorporados a partir de 2010, gerando uma revisão de toda a série, até 1995.

O novo cálculo do PIB foi aperfeiçoado para seguir padrões internacionais recomendados por órgãos como a ONU, OCDE e Banco Mundial e que devem ser adotados pelos países até 2016. A mudança serve para garantir uma comparação e calibragem mais apurada entre as economias. A última mudança na metodologia havia ocorrido em 2007.

“Essa divulgação foi atrasada um mês em função da divulgação da série nova. E a partir de agora, volta à rotina normal. Hoje, além de ser uma divulgação normal do quarto trimestre, é a divulgação na nova série trimestral de acordo com o ano de referência 2010. Significa que as alterações feitas também se refletem na série trimestral de forma mais diferenciada durante o ano”, declarou Roberto Olinto, diretor de pesquisas do IBGE, que ressaltou que houve “transparência” na comunicação das mudanças.