A linha de produção da General Motors em São Caetano ficará paralisada durante quase todo o mês de junho. Cerca de 5.500 trabalhadores do chão de fábrica – pouco mais da metade dos 10,5 mil funcionários – ficarão afastados por 28 dias na tentativa de baixar o volume de veículos produzidos e não comercializados. Hoje, o estoque da montadora na região é estimado em 80 mil unidades, conforme o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
Segundo ele, esse montante levaria pelo menos dois meses, ou 60 dias, para ser desovado – isso considerando um cenário de economia em ritmo normal, e não com o pé no freio como atualmente. Para se ter ideia, dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) apontam que, com as vendas em baixa, o setor – incluindo fabricantes e revendas, contabilizou 367,2 mil veículos parados em abril, aguardando comprador. O volume significa 50 dias para ser comercializado. O licenciamento de veículos em todo o País caiu 25,2% ante o mesmo mês de 2014, totalizando 219,3 mil carros zero-quilômetro.
Conforme estimativas do vice-presidente da entidade, Francisco Nunes, com a parada na produção durante os 28 dias, deixarão de ser fabricados 12 mil veículos.
Após reunião entre a montadora e o sindicato, ficou acordado que dos dias 1º a 3 e de 8 a 10 de junho os empregados da linha de produção serão afastados por meio de day-off, que significa folga remunerada com desconto no banco de horas. E de 4 a 7 eles já ficariam em casa por conta do feriado de Corpus Christi. A partir do dia 11, até o dia 26, haverá férias coletivas. Como os dias 27 e 28 são fim de semana, os operários retornarão ao trabalho no dia 29.
“Isso não é uma proposta. É um caos”, afirmou Cidão. “Mas, infelizmente, não temos alternativa.” De acordo com Nunes, “essa é a saída imediata para que não haja demissões”. Mais demissões, neste caso, já que no dia 8 foram desligados 150 trabalhadores, e os sindicalistas afirmam que a GM está irredutível quanto ao fato de não renovar os contratos de trabalho dos 819 operários que estão suspensos pelo lay-off desde novembro, e deveriam retornar à empresa no dia 9 de junho. Hoje haverá nova reunião entre a entidade e a montadora para discutir esse assunto.
Procurada para se manifestar sobre as informações da entidade, a GM não retornou ao Diário.
AFASTADOS – Desde o dia 18, gradativamente, mais 900 profissionais estão sendo afastados pelo lay-off. Até o momento, 568 foram suspensos de fato e, aos poucos, os 332 restantes ainda deixarão o chão de fábrica.
Há, ainda, 386 operários em licença remunerada. Eram, desde o dia 5, inicialmente 436, porém, 50 foram demitidos – daquele grupo de 150 desligados no dia 8.
Na licença remunerada, os colaboradores continuarão recebendo salário normalmente, e não terão descontos no banco de horas. No lay-off, parte do salário (R$ 1.385,91, no máximo) é paga pelo governo federal, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), e a outra parcela é depositada pelo empregador.
Ao todo, entretanto, estão afastados na GM 1.773 empregados. Quando os demais 332 saírem em lay-off (totalizando os 900) serão 2.105. Cidão afirma que o excedente de trabalhadores chega a 1.700.
Embora a GM tenha aberto dois PDVs (Programas de Demissão Voluntária) neste ano, a adesão foi muito baixa, totalizando apenas 49 pessoas.