Inflação chega a 8,89% em 12 meses até junho, maior taxa desde 2003

Pressionada pelo aumento dos alimentos, jogos de azar e passagens aéreas, a inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA, acelerou e atingiu 8,89% no acumulado dos últimos 12 meses.

É taxa acumulada mais alta desde dezembro de 2003 (9,30%). Os dados foram informados pelo IBGE nesta quarta-­feira (8).

Na comparação entre junho e maio, a alta foi de 0,79% em junho.

Trata­-se da maior taxa para meses de junho desde 1996 (1,19%), época em que o país fazia a transição da hiperinflação para taxas mais moderadas.

A inflação pelo IPCA foi assim maior do que em junho do ano passado (0,40%) e em maio deste ano (0,74%)

Os economistas do mercado financeiro consultados pela agência Bloomberg esperavam uma aceleração da taxa para 0,82% no mês e de 8,94% para o período de 12 meses.

No primeiro semestre, a alta acumulada foi de 6,17%. É a mais alta para o período desde 2003 (6,64%), quando o mercado lidava com as incertezas do primeiro governo Lula.

LOTERIA

Dos grupos acompanhados pelo IBGE, o de despesas pessoais avançou 1,63% no mês e teve o maior impacto sobre o índice como um todo, de 0,18 ponto.

Dentro do grupo estão os jogos de azar, que teve um aumento de 30,80% no mês. Foi também o maior impacto individual do IPCA no mês.

Se somados os aumentos de maio e junho, os jogos de azar acumularam um avanço de 47,50% nos três últimos meses, informa o IBGE.

O motivo é o reajuste de 40% a 100% dos preços dos jogos loteria da Caixa Econômica Federal (CEF). A aposta mínima da Mega-Sena passou de R$ 2,50 para R$ 3,50.

Logo atrás dos jogos de azar, o segundo maior impacto individual sobre os preços veio das passagens aéreas (29,19%), seguida da taxa de água e esgoto (4,95%).

Apesar da forte alta no mês, os preços das passagens aéreas recuaram 32,71% no primeiro semestre. Os preços são considerados bastante instáveis.

ALIMENTOS

O ritmo da inflação de junho deste ano foi atípico. As taxas são historicamente baixas no meio do ano, período marcado por redução dos preços de alimentos.

O quadro é diferente desta vez. Os alimentos têm pressionando a inflação por causa do regime de chuvas, que tem afetado principalmente os tubérculos.

O grupo de alimentos teve o segundo maior impacto sobre o índice, de 0,16 ponto, apesar de a alta ter desacelerado de 1,37% em maio para 0,63% em junho.

A cebola foi, novamente, a maior fonte de pressão sobre o grupo de alimentos, com alta de 23,78% em junho, seguido de batata-­inglesa (6,97%).

O preço do tomate, porém, teve uma queda de 12,27% neste mês, assim com a cenouroa (­10,78%) e o açaí (­5,30%).

GOVERNO

Os preços seguem assim se afastando do centro da meta de inflação do governo, de 4,5% ao ano, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em junho que espera que a inflação comece a desacelerar no fim deste ano e caminhe para o centro da meta em 2016.

Para isso, o Banco Central (BC) já elevou os juros básicos (Selic) para 13,75% ao ano. É uma forma de encarecer crédito e desestimular o consumo.

O governo também tem contribuído para combater a trajetória de alta dos preços ao reduzir seus próprios gastos, o chamado ajuste fiscal.

No último levantamento de projeções realizado pelo Banco Central, os economistas previam inflação de 9,04% em 2015 e 5,45% em 2016.