Dados da pesquisa desenvolvida pela consultoria Plano CDE, especializada no universo das classes C, D e E, revelam que em 10 anos a classe C aumentará significativamente sua capacidade de consumo. A explicação se deve tanto ao crescimento das famílias desse grupo, que serão 28,7 milhões em 2020 e representarão das 41% famílias brasileiras, quanto ao aumento constante da massa de renda, cuja participação saltou de 28% para 32%, entre 2002 e 2008.
“Esses fatores somados à enorme mobilidade social vivida pela classe C irão sustentar o potencial de crescimento desse público no mercado de consumo”, observa Luciana Aguiar, antropóloga e sócia diretora da Plano CDE, que, para desenvolver o levantamento, ouviu 1.600 pessoas das classes A, B, C, D e E, de São Paulo e do Recife.
Nesse cenário de evolução, a classe C também se destaca em relação à distribuição de renda, registrando aumento de 28% para 34%, de 2002 a 2008. Para Luciana Aguiar, o avanço de alguns aspectos sociais contribuiu para esse progresso, como o aumento no emprego formal, a evolução contínua de indicadores educacionais e a ampliação das políticas sociais relacionadas à transferência de renda e aumento real do salário mínimo.
“Com essa presença significativa da classe C no mercado de consumo é possível observar o movimento de aproximação do comportamento desse consumidor brasileiro para o padrão típico de países desenvolvidos”, avalia a pesquisadora, ao citar a tendência natural de transformação da massa pobre em um grupo minoritário, com nítida concentração regional e protegido por políticas sociais.
O estudo realizado pela Plano CDE também aponta o crescimento da capacidade de consumo da classe B, que mostrou evolução em todos os parâmetros. Na projeção para 2020, as famílias deste perfil passarão de 6,4 milhões para 9,1 milhões, devendo representar 13% do total.
Nos dados consolidados de 2002 a 2008, a classe B registrou crescimento de 1% tanto na massa como na distribuição de renda, que foram, respectivamente, de 22% e 12% do total. “Juntas, as classes B e C formam o grupo de maior representatividade, responsáveis por mais de R$ 270 bilhões do poder de compra”, ressalta Luciana.
Em relação às classes D e E, a pesquisa revela que, para 2020, o número de famílias pertencentes a esses grupos se manterá estável, respectivamente em 15,3 milhões e 11,7 milhões.
Já a massa de renda das classes D e E caiu 1% entre 2002 e 2008, representando 13% e 5% do total, respectivamente. “Mesmo com essa queda na renda e sem um crescimento absoluto na quantidade de famílias, as classes D e E representarão 39% das famílias em 10 anos, garantindo sua força de consumo”, observa Luciana.
Nessa projeção, até 2020, a classe A tende a uma pequena evolução do número de famílias, de 3,2 milhões em 2008 para 4,5 milhões, devendo representar 7% do universo de 69 milhões de famílias. Por outro lado, de 2002 a 2008, esse grupo manteve estável sua participação na distribuição de renda em 6% do total, e registrou queda de 3% na massa de renda, passando a representar 28% do total.