Centrais sinalizam que podem ceder em relação ao mínimo


Fernando Taquari | De São Paulo

Diante da posição taxativa da presidente Dilma Rousseff, as centrais sindicais já admitem a possibilidade de aceitar um reajuste do salário mínimo abaixo de R$ 580. Em contrapartida, esperam que o governo federal abra negociações em torno de outras reivindicações, como a correção da tabela do Imposto de Renda e o reajuste do piso salarial para os aposentados e pensionistas que ganham acima do mínimo. Não se trata de trocar uma proposta pela outra, explicou um dos sindicalistas envolvido nas negociações.

Segundo ele, a hipótese de discutir um mínimo inferior a R$ 580 só será levada adiante se o governo abrir as negociações para as outras duas reivindicações, mesmo que as propostas não atendam aos valores exigidos pelos sindicalistas. “Sem aumento real, não tem discussão. Dar só a inflação é muito pouco. Agora, o teto é R$ 580. Podemos avaliar um reajuste inferior se a outra parte ceder e apresentar propostas para as outras áreas”, afirmou.

O assunto deve ser discutido hoje durante reunião, na capital paulista, entre as centrais sindicais e os ministros Guido Mantega (Fazenda), Carlos Lupi (Trabalho) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República). O Executivo insiste em um mínimo de R$ 545. Em relação à tabela do IR, sinaliza que pode oferecer algo próximo a 4,5%. Os sindicalistas, no entanto, exigem correção de 6,46%, além de um reajuste de 10% para os aposentados.

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, também admitiu a possibilidade de antecipar uma parcela do reajuste programado para 2012, que deve ser muito maior ao deste ano. “Mas sem propostas, fica difícil”, criticou. O modelo atual de cálculo de reajuste do mínimo, que vale até 2023, garante a correção anual pela inflação e tem também como base o percentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao envio da proposta orçamentária ao Congresso, que nesse caso seria o de 2009. Os sindicalistas, no entanto, reivindicam uma correção diferenciada para 2011, pois, em 2009, o crescimento do PIB foi quase nulo.

Apesar de defender um aumento real, o presidente da CUT, Artur Henrique, avaliou que processo de negociação é dinâmico e pode resultar em acordo caso o governo aceite ceder em alguns pontos. O presidente da UGT, Ricardo Patah, declarou que, se as reivindicações não forem atendidas da forma como foram apresentadas, não terá acordo e as negociações serão tratadas apenas no Congresso Nacional.