Presidente da Força Sindical reage às negativas do Planalto e apresentará emenda pelo mínimo

Diante das negativas do Planalto em ouvir os anseios dos sindicalistas, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, afirma esperar ainda que o governo não interrompa as negociações com as centrais. Ele pretende ainda apresentar emendas para elevar o mínimo para R$ 560 ou R$ 580.

Segundo Paulinho, se o governo enviar ao Congresso uma proposta já fixando o valor do salário mínimo em R$ 545, isso significará um rompimento das negociações. Ele disse que as centrais sempre concordaram com a manutenção da atual regra de valorização do salário mínimo e que esse não é o problema. “A pior coisa é tentar derrotar aliado. E não somos inimigos, somos aliados (do governo)”, afirmou.

Sobre as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou os sindicalistas de “oportunistas”, Paulinho da Força foi cauteloso: “Ele esqueceu o que tinha combinado conosco. Ele esqueceu que você tem acordo dentro das condições daquele momento. Em 1978, a inflação subiu e ele (Lula) foi para a greve”, disse o deputado.

O Planalto deve tentar votar já na semana que vem o salário mínimo no valor de R$ 545, antecipando o que vem sendo considerado o primeiro teste da presidente Dilma Rousseff no Congresso. Representante de Dilma na negociação com as centrais, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse ontem em Dacar, no Senegal, onde participa do Fórum Social Mundial, que o Palácio do Planalto considera concluído o debate. Ele afirmou que o governo manterá a proposta de R$ 545 e não “levará em conta” os protestos. Em troca, admitiu ceder na correção da tabela do Imposto de Renda. “Na questão do mínimo, nós entendemos que não há mais negociação. Vamos reafirmar os R$ 545”, disse.

A manobra foi criticada pela oposição, que cogita até ir à Justiça. DEM e PSDB prometem apresentar emenda com valor superior. Os tucanos defendem R$ 600. Ontem, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT) disse que dez partidos aliados concordam com os R$ 545, sendo o PDT a única exceção.

O PDT vai apresentar emendas para elevar o salário mínimo de 2011 a R$ 560 ou R$ 580, apesar da orientação de Vaccarezza, para que aliados não apresentem emendas à Medida Provisória propondo um piso de R$ 545. “Não é assim não, isso aqui é um Parlamento”, reagiu o presidente da Força Sindical. “Se o governo quiser passar o rolo compressor ele vai, mas antes vai ter de colocar o Exército para cercar o Congresso.”, disse Paulinho.

O deputado avisou que as centrais farão uma grande mobilização. “Aí, vamos ver como será a votação”, ameaçou. Para o deputado, o governo cometerá um erro se romper a negociação com as centrais sindicais em torno do valor do mínimo. “Fica um rescaldo para o futuro. Derrotar aliados é uma coisa ruim, um erro que estão levando a Dilma

O presidente da CUT, Artur Henrique da Silva Santos, avalia que o que está em discussão é muito mais do que o valor do salário mínimo. “É uma visão de política econômica”, disse.

Fonte: Força Sindical SP