Com aposta em empreendedorismo e diversificação, Franca (SP) mantém saldo positivo de 4.621 postos de trabalho neste ano; exportações também ajudam municípios que criam vagas em 2015
O município de Franca, no interior de São Paulo, tem cerca de 340 mil habitantes e mais de 45 mil empresas. Com o apoio à criação de novos empreendimentos, a geração de postos de trabalho na cidade é a maior do País em 2015.
Entre janeiro e setembro, a diferença entre admissões e desligamentos em Franca mostra um saldo positivo expressivo: houve aumento de 4.621 vagas em nove meses. O dado é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Com isso, a cidade ficou na primeira posição entre as maiores geradoras de postos de trabalho. Bebedouro (SP), que também ficou entre os cinco primeiros do ranking, apostou em exportação, e Pontal (SP), também presente na lista, foi favorecida pela sazonalidade de sua economia. “Franca fomentou o desenvolvimento econômico local”, diz Alexandre Ferreira (PSDB), prefeito da cidade.
O diretor da divisão de Indústria, Comércio e Serviços do município, Deyvid Alves da Silveira, revela que “o segredo” foi dobrar, em seis anos, o número de empresas. “O empreendedorismo é o grande responsável por esse resultado. A quantidade de CNPJs aumentou de 22 mil em 2009, para 45 mil em 2015, sendo 11 mil microempreendedores individuais [MEI]. Se trata de novos geradores de emprego”.
A média da cidade é de uma empresa para cada 7 pessoas, quase a metade da proporção registrada no País, de um CNPJ para cada 13 habitantes. De acordo com a Receita Federal, há pouco mais de 16 milhões de empresas ativas no Brasil, enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que a população já supere a barreira dos 205 milhões.
Silveira explica que operações de microcrédito têm estimulado o desenvolvimento e a diversificação da economia local, predominantemente dominada pela indústria de calçados. “Demos apoio a setores novos, ligados a confecção, principalmente em moda íntima, e nas áreas de alimentício, cosméticos e químicos”. Ele também menciona que houve crescimento em ramos de comércio e serviços, como telemarketing e construção civil.
Outro fator que ajuda a cidade é a elevada população economicamente ativa (PEA) do município. Cerca de 60% da população local tem idade entre 15 e 49 anos.
Por outro lado, se a situação em Franca é positiva, o quadro nacional continua desanimador. Em 10 meses deste ano, foram fechadas mais de 818 mil postos no Brasil. Nos últimos 12 meses, o saldo negativo já chega em 1,3 milhão.
Trabalho para exportação
Outra cidade que destoa da realidade brasileira, com geração surpreendente de vagas em 2015, é Bebedouro (SP). Entre janeiro e setembro, o município, que tem apenas 77 mil habitantes, registrou saldo positivo de 3.749 empregos.
“Bebedouro tem uma economia muito centrada no agronegócio, especialmente na laranja. Com a alta do dólar e problemas nos pomares de Flórida (EUA) que diminuíram a produção local, nós conseguimos ampliar nossas exportações, o que aqueceu a economia, movimentou o mercado e gerou emprego”, analisa Lucas Seren, secretário de desenvolvimento econômico da cidade.
Além do aumento das vendas para fora do Brasil, ajudaram na geração de empregos em Bebedouro a construção civil, “muito aquecida com obras públicas e investimentos privados em condomínios” e “a entrada de duas grandes empresas dos setores têxtil e de peças”, completa Seren.
Ainda há mais uma cidade de São Paulo entre os municípios em que houve saldo positivo na geração de novos postos: em Pontal, foram 4.010 empregos a mais. Entretanto,
Antônio Marcos Paula, secretário de administração da cidade de 45 mil habitantes, diz que o resultado se deve a contratações sazonais.
“No começo do ano, há várias admissões por causa da safra de cana-de-açúcar. O contrato normalmente dura 8 ou 10 meses. No segundo semestre, acontece o fechamento das vagas”, explica.
Temos vagas
Também está no ranking do Caged a cidade de Juazeiro (BA), município com cerca de 220 mil habitantes em que o saldo ficou positivo em 4.582 postos. “Desde 2009 temos trabalhado com uma política forte de atração de investimentos. O número de empresas no distrito industrial foi de 38 para 76 e temos outras 15 em construção”, conta Carlos Neiva, secretário de desenvolvimento econômico da cidade.
Segundo ele, a geração de empregos deve aumentar, graças “aos R$ 584 milhões que serão investidos até 2018 em energias renováveis, com construção de novos parques”.