Diretor do BC afirma que é preciso atuar para reduzir a inflação e, assim, ajudar o crescimento econômico
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, disse em rápida entrevista a jornalistas brasileiros, depois de participar de evento fechado em Washington, que quando se tem uma inflação de 10%, é melhor trabalhar para reduzir esse patamar, porque a alta dos preços começa a “desorganizar a economia de tal maneira que tem impacto negativo” no crescimento.
Volpon defendeu em um debate com pesquisadores do Peterson Institute for Internacional Economics seu voto para elevação dos juros na última reunião do Comitê de Política Monetário (Copom), no fim de novembro. Segundo ele, um dos principais motivos de sua decisão foi a inflação ter chegado ao nível de 10%, além de as expectativas para a alta de preços terem subido. Trabalhar para reduzir a inflação, disse o diretor do BC, vai ajudar o crescimento econômico.
Para a próxima reunião do Copom, em janeiro, o diretor do BC disse que sua decisão para subir ou não os juros precisa “ser refeita à luz dos fatos e dos dados que serão apresentados” no encontro. “Mas nessa reunião (de novembro) acredito que deveríamos ter ajustado a postura monetária”, disse ele. A decisão pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% foi por seis votos a dois.
Sinal de alerta. No atual cenário, nem no curto prazo, se o BC “deixar a inflação correr um pouco mais”, o crescimento econômico será maior. “Você não está naquela situação normal onde existe uma relação positiva entre um e outro”, disse o diretor do BC. Quando a inflação chega nos patamares atuais, esse trade off (troca) se inverte, ressaltou.
Ele afirmou que espera desinflação importante em 2016. Apesar de toda a dificuldade na economia brasileira, Volpon disse que procurou passar a mensagem de que o processo de ajuste no País está indo em frente. “Ninguém nega que há várias dificuldades no cenário, mas o processo de ajuste está caminhando”, disse o diretor do BC.
Segundo ele, a política monetária “continua ativa, potente e efetiva” para controlar a inflação. Volpon ressaltou que a leitura da ata da última reunião do Copom deixa claro que todos no Banco Central estão engajados para “entregar a inflação mais próxima possível dos 4,5% em 2016 e certamente em 4,5% em 2017”.
“A política monetária, não que as dificuldades fiscais não atrapalhem a política monetária, mas continua ativa, potente e eficaz para controlar a inflação e vai continuar a fazer isso.”