Após 700 cortes, CSN suspende demissões

­ A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) decidiu parar o processo de demissão de funcionários da usina em Volta Redonda, no Sul Fluminense, após discussões com representantes sindicais realizadas na manhã desta quarta-­feira. Desde sexta-­feira, cerca de 700 empregados foram demitidos.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, a empresa poderia demitir cerca de 3 mil trabalhadores diretos diante dos planos de suspensão do alto­-forno 2, responsável por cerca de 30% da capacidade da usina. A CSN tinha dez mil funcionários em Volta Redonda, antes dos cortes.

A siderúrgica ainda avalia se vai parar ou não o alto­-forno. Uma decisão deve ser tomada nos próximos dias. Procurada, a companhia não se manifestou.

CANCELAMENTO DE PEDIDOS

A decisão de interromper as demissões foi tomada após intervenção do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de reuniões que envolveram até a presidente Dilma Rousseff. Pezão chegou a ligar pessoalmente para o diretor corporativo da CSN, Paulo Rogério Caffarelli, pedindo uma reavaliação das dispensas.

Uma fonte ligada à empresa disse que o corte de 700 funcionários foi necessário porque haverá redução na produção de aço, mesmo que o alto­forno não seja desligado. Isso porque, com a retração nas vendas internas e a sobreoferta mundial de aço, os estoques estão elevados. Segundo essa fonte, muitos pedidos têm sido cancelados.

Com o ajuste de pessoal, agora, a empresa vai se voltar para medidas de redução de custos.

Além do corte de pessoal, a CSN pretendia elevar a jornada dos trabalhadores da usina de seis para oito horas diárias, segundo o sindicato, e suspender pagamento de adicional de 70% de abono de férias.

PROTECIONISMO AMERICANO

Além da redução das vendas internas, a CSN levou um balde de água fria nesta terça-­feira, com o anúncio pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos de impor uma taxa de 7,42% sobre as importações americanas de laminados a quente (um tipo de produto siderúrgico).

A CSN produz esse insumo no Brasil e o vende para sua subsidiária americana, a LCC, que usa a matéria­prima para fabricar outros produtos siderúrgicos.

A decisão, ainda preliminar, de aplicar o imposto é resultante de uma investigação antidumping. Ele será aplicado de forma preventiva, pois uma decisão final só será anunciada em 24 de março.