Secretário da Saúde diz que número de infectados deve aumentar, pois piores meses são março, abril e maio
– Em janeiro de 2016 foram notificados 5.877 casos de dengue na cidade de São Paulo. Os números divulgados ontem pela Secretaria Municipal de Saúde indicam aumento de 144% em relação às 2.406 notificações registradas em janeiro do ano passado.
“O cenário com o qual a prefeitura trabalha, de que devemos ter mais casos neste ano, vai se confirmando”, destacou o secretário de Saúde, Alexandre Padilha. Dos casos informados em 2016, 827 foram confirmados.
Segundo Alexandre Padilha, a zona leste da capital concentra a maior parte dos casos, especialmente nos bairros do Lajeado, na região de Guaianases, e Cangaíba, na região da Penha.
Também tiveram incidência significativa da doença a região do Parque do Carmo e de Itaquera, além do Jardim São Luiz e do Sacomã, na zona sul.
A expansão da doença pela zona leste está ligada, na avaliação do secretário, a diversos fatores. Um deles é que a região foi fortemente afetada pela falta de água no Sistema Alto Tietê, que abastece essa parte da cidade. Com isso, os moradores começaram a armazenar água, o que propicia o surgimento de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Além disso, o secretário destacou que em vários bairros as condições de moradia e saneamento não são as ideais. As temperaturas mais altas são outro fator apontado por Padilha como facilitador do aumento de casos da doença neste ano.
Ação de bloqueio
De acordo com Padilha, o mapa da distribuição dos casos mostra que, apesar do aumento de registros, as ações da prefeitura têm tido impacto no combate aos focos de reprodução do mosquito transmissor da doença.
Isso porque os agentes municipais vistoriam todos os imóveis em um raio de 300 metros de cada caso notificado, o chamado bloqueio.
“O fato de você ter casos espalhados mostra que a ação de bloqueio tem sido efetiva”, disse o secretário. Ao todo, os fiscais de saúde visitaram 382 mil imóveis neste ano. Apesar do número de casos já superar as ocorrências no mesmo período do ano passado, Padilha lembrou que o número de infectados deve aumentar daqui para frente. “O período epidêmico para a dengue na cidade de São Paulo é nos meses de março, abril e maio”, alertou.
Os bairros mais críticos devem receber tendas para o atendimento de casos suspeitos. Os dois primeiros pontos passarão a funcionar a partir de hoje nos bairros do Lageado e Cangaíba. Esse reforço das ações de saúde será feito em parceria com organizações sociais e hospitais filantrópicos de excelência. Para facilitar a identificação dos focos da doença, a prefeitura lançou um aplicativo com informações dos usuários. Além da dengue, foram notificados em janeiro 236 casos de chikungunya, também transmitida pelo Aedes aegypti. Foram notificados ainda 47 casos de zika, sendo que quatro foram em residentes da cidade de São Paulo, apesar de não haver confirmação de que a infecção ocorreu na cidade. /AB