Aposentadoria: não dependa do governo

Denise Juliani

Por mais alto que seja o salário de uma pessoa, uma coisa é certa: quando se aposentar pela previdência oficial ela não vai conseguir ganhar muito mais do que seis salários mínimos, pois o teto é de 6,83 pisos previdenciários, o que hoje corresponde a R$ 3.689,00.

Mas a coisa pode piorar. Um documento do Banco Mundial divulgado na semana passada jogou mais lenha na fogueira da discussão sobre a necessidade de mudança no sistema de aposentadoria no Brasil.

Em linhas gerais, o estudo diz que nos próximos 40 anos o número de idosos brasileiros irá triplicar e chegar a 64 bilhões, quase 30% da população total do País. Em 2010, a fatia dos brasileiros com mais de 60 anos era de 10,2% (19,6 bilhões de pessoas). Em 1950, os idosos eram 2,6 milhões e representavam apenas 4,9% do total.

Essa situação é péssima para as contas da Previdência Social, diz o Banco Mundial. Se não fossem as reformas feitas pelos dois presidentes anteriores (Fernando Henrique Cardoso e Lula), os gastos previdenciários do País corresponderiam hoje a 37% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas criadas pelo País).

Mesmo com as reformas já feitas, vão subir para 22,4%, totalmente desalinhados com as outras economias no mundo. Os países que mais gastam com previdência nem chegam perto de 15% do PIB.

Já por volta de 2020, a população em idade de trabalhar vai começar a cair, e o crescimento da população brasileira será pelo aumento dos idosos. O recado é claro: não vai dar para manter o teto atual. A previdência social funciona pelo sistema de repartição simples. Quem trabalha hoje paga pelos atuais aposentados. Assim, o dinheiro que é descontado do salário do filho e do neto cobre a aposentadoria do pai e do avô.

Além disso, por uma questão de justiça social, desse bolo sai também o benefício daquelas pessoas bem da base da pirâmide e que nunca contribuíram para a previdência, entre eles os trabalhadores rurais. Mas em vez de se lamentar por essa situação complexa e de difícil equação, o melhor que cada trabalhador pode fazer é pensar na sua própria previdência, em formar uma reserva para complementar o que vai receber quando se aposentar.

O tipo de investimento escolhido importa menos que a decisão de fazer aplicações constantes, de preferência mensais. Quanto mais cedo se começar, melhor. E mesmo quem está mais perto da idade de solicitar o benefício precisa pensar nisso.

Com um aporte inicial de R$ 10 mil mais R$ 500 todo mês por 15 anos dá para juntar cerca de R$ 165 mil na aplicação mais conservadora que existe, a caderneta de poupança. Mesmo alguém de 50 anos que pretenda se aposentar aos 65 pode formar esse colchão e depois, se quiser, retirar cerca de R$ 1 mil por mês até fazer 80 anos. O negócio é começar já.