Acidentes de trabalho: toda a sociedade é responsável

“O dia 28 de abril foi escolhido como o Dia em Memória as Vítimas de Acidentes de Trabalho, por isso, este mês chega todos os anos para nós carregado de responsabilidades.

Essa data estimula a reflexão e os debates em torno da Saúde do Trabalhador, portanto, serve como um instrumento que acelera nossas lutas, gerando assim atividades preventivas.

Ao contrário do que alguns membros da sociedade possa pensar, de forma negativa, o movimento sindical relembra as vítimas de acidentes não com o intuito punitivo ao capitalismo, mas como dados científicos, que provam a necessidade das empresas investirem em uma política de gestão em Saúde e Segurança do Trabalhador, no local de trabalho.

Nós sabemos da dificuldade de convencer o setor patronal a investir parte de seus lucros nessa questão. Mas sabemos, também, que quando a sociedade exige ou deseja passa a ser para os empresários uma necessidade, pois a vontade do consumidor define a lei de mercado.

Os acidentes e as doenças provenientes do trabalho são males não só para a saúde do trabalhador, como também das empresas, que além do trauma causado à produção, ainda deixa cicatrizes na relação das empresas com seus consumidores.

Portanto, o dia 28 de Abril tem o intuito de conscientizar os Empresários de suas Obrigações como financiadores da política de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalhador, de conscientizar os trabalhadores dos Riscos no local de trabalho, de como se proteger desses Riscos e conscientizar a Sociedade do poder que ela tem para mudar essa situação Calamitosa que atinge os Trabalhadores.

A interferência da sociedade, principalmente quando cobra responsabilidades, Agiliza as ações, de identificação e soluções das situações que possam gerar Riscos à Vida e à Saúde do Trabalhador.

Se tomarmos como exemplo os últimos acontecimentos em Jirau (Porto Velho), onde está sendo construída uma importante usina para o País, considerada uma das mais importantes do PAC, e financiada com dinheiro público, que deveria ser exemplo de investimento, e em gestão da Saúde e Segurança do trabalhador, ou até mesmo nas relações de trabalho, mas o noticiário diz o contrário; que aqueles empresários beneficiados por uma concorrência fabulosa como essa, ou, quase todos empresários beneficiados com as obras do PAC, não se preocuparam com o mínimo direito fundamental do ser humano, que é a Vida.

Informações da OIT apontam cerca de 40 mortes até hoje nestes canteiros de obra; em 2010 foram 22, e só em Jirau, este ano, morreram 6 trabalhadores. Estivemos lá e, segundo informações colhidas em campo, esse número pode ser maior. Os trabalhadores contam que algumas mortes foram negociadas com os familiares, deixando de aparecer nas estatísticas.

A vida, direito fundamental do ser humano, é sobreposta por interesses econômicos de  grupos  empresariais, e da própria negligência do Estado, de não perceber a falta de sensibilidade desses empresários, que colocam em risco a vida dos trabalhadores por eles contratados, além dos prejuízos morais e econômicos.

Supõe-se que o Estado desconhecia tal fato e que a sociedade também desconhecia, mas no momento em que esses problemas passam a ser de conhecimento público, e a sociedade exige respostas, é preciso acabar com os “gatos” (agenciadores), e buscar respostas e soluções imediatas.

Esses acontecimentos provam que não podemos deixar para o Estado sozinho a obrigação de fiscalizar, que a sociedade tem o Poder e o Dever de fiscalizar e de se Indignar, fomentando, assim, a cautela dos empresários mal intencionados, e garantindo os direitos máximos do Cidadão Trabalhador”.

Artigo de Luís Carlos de Oliveira, Luisinho, coordenador do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e  Mogi das Cruzes