Montadora já deve R$ 2 bilhões em ICMS aos cofres públicos estaduais, motivo pelo qual, segundo o Sindicato, deve prestar contas à sociedade do Paraná, especialmente sobre diferenças de tratamento e benefícios entre paranaenses e paulistas
O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba vai entregar ainda nesta semana aos deputados estaduais e ao governador do Paraná, Beto Richa, um dossiê com diagnóstico completo sobre a planta da Volkswagen em São José dos Pinhais. A montadora deve cerca de R$ 2 bilhões em Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos cofres públicos estaduais. Por isso, no entendimento da entidade sindical, deve prestar contas à sociedade paranaense sobre as discrepâncias entre salários e benefícios praticados aqui e em São Paulo.
Segundo relatórios da própria empresa, a planta de São José dos Pinhais-PR é 50% mais produtiva que as instaladas em São Paulo. Mesmo assim, os salários pagos no PR são, em média, 50% menores. Outro assunto a compor o dossiê é o alto número de doentes do trabalho da montadora. Cerca de 20% dos trabalhadores estão afastados por doenças ocupacionais contraídas na atividade profissional dentro da montadora. Muitos, embora jovens, com 25, 30 anos de idade, já foram sentenciados como permanentemente inválidos para o trabalho, dado o grau de progressão de sua doença ocupacional – geralmente Lesão por Esforços Repetitivos (LER).
“A partir do ano que vem, acaba o prazo de dilação e a Volks terá que começar a pagar o ICMS aos cofres estaduais. Porém, já sabemos que a montadora procurou o governo para tentar ampliar esse prazo. O que não podemos é permitir que sejam cometidos os mesmos erros de quando a montadora se instalou no Estado, de não se discutir contrapartida alguma aos trabalhadores e à sociedade paranaense em troca da concessão de benefícios e privilégios”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka.
Situação da mobilização
Hoje (17), sem nenhuma nova proposta, os 3,1 mil metalúrgicos da Volks de SJP entraram no 13º dia de greve. Neste período, já deixaram de ser produzidos 7,68 mil veículos (Golf, Fox, Cross Fox, Fox Europa), totalizando, conforme valor de mercado, um prejuízo de R$ 307,20 milhões – menos de 2% desse montante (R$ 4,34 milhões) seriam suficientes para pagar os R$ 1,4 mil referentes à diferença entre a PLR reivindicada pelos metalúrgicos em comparação à oferecida pela montadora: R$ 6 mil e R$ 4,6 mil, respectivamente. Nova assembleia dos trabalhadores ocorre na próxima quinta-feira, em frente à empresa, em horário a ser definido e divulgado até amanhã.